Estudo Epidemiológico do Instituto Karolinska Identifica Impacto a Longo Prazo da Meningite Bacteriana em Crianças



Um estudo liderado pelo Instituto Karolinska revelou que uma em cada três crianças que sofrem de meningite bacteriana tem problemas neurológicos permanentes devido à infecção. Essa descoberta inovadora é a primeira vez que cientistas identificam o impacto a longo prazo da doença. A pesquisa analisou dados do registro de qualidade sueco sobre meningite bacteriana entre os anos de 1987 e 2021, e envolveu a comparação de pouco mais de 3.500 pessoas que contraíram a doença na infância.

Os resultados apontam que as pessoas com diagnóstico de meningite bacteriana apresentam consistentemente uma maior prevalência de deficiências neurológicas, como comprometimento cognitivo, convulsões, deficiência visual ou auditiva, comprometimento motor, distúrbios comportamentais ou danos estruturais na cabeça. O professor associado de Microbiologia Médica no Departamento de Neurociências do Instituto Karolinska, Federico Lovino, destaca a gravidade dessas deficiências permanentes e o impacto que elas têm na vida do indivíduo e na sociedade como um todo.

Os cientistas também identificaram que o risco de lesões estruturais na cabeça é maior para aqueles que contraíram meningite bacteriana na infância. Eles revelaram que há 26 vezes mais chances de ter deficiência auditiva e oito vezes mais chances de desencadear uma deficiência motora. Aproximadamente uma em cada três pessoas afetadas pela doença teve pelo menos um comprometimento neurológico.

Federico Lovino explica que a equipe está trabalhando no desenvolvimento de tratamentos para proteger os neurônios do cérebro durante o período em que os antibióticos levam para fazer efeito total. Ele destaca que os pesquisadores têm obtido dados promissores de neurônios humanos e estão avançando para uma fase pré-clínica com modelos animais, com expectativa de levar esses tratamentos para a clínica nos próximos anos.

A meningite bacteriana é uma infecção rara, porém grave, que pode afetar pessoas de todas as idades, sendo mais comum em recém-nascidos, crianças, adolescentes e idosos. Geralmente é causada pelo pneumococo (Streptococcus pneumoniae), que também é uma das principais causas de infecções respiratórias bacterianas, como pneumonia, otite e sinusite, que afetam principalmente os membros mais jovens e mais velhos da sociedade.

Se não for tratada, a meningite bacteriana poder ser fatal, mas a infecção pode ser curada com o uso de antibióticos. No entanto, os medicamentos têm dificuldade em penetrar na barreira hematoencefálica, levando tempo para combater a infecção. Durante esse período, as células nervosas podem ser danificadas, resultando em vários danos neurológicos permanentes. Este estudo traz à tona a importância de se compreender o impacto a longo prazo dessa grave infecção e a urgência no desenvolvimento de tratamentos eficazes para proteger a saúde neurológica das crianças afetadas.

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