Casos emblemáticos, como o de Mahmoud Jalil, aluno da Universidade de Columbia, ilustram essa nova realidade. Jalil é considerado uma “ameaça à segurança nacional” devido às suas críticas ao governo israelense e ao seu apoio à causa palestina. Recentemente, ele se tornou elegível para deportação, o que gerou um efeito dominó entre seus colegas, que agora hesitam em se expressar publicamente por medo de consequências semelhantes. A situação não é uma exceção, mas sim uma tendência alarmante. Dados da Associação de Educadores Internacionais indicam que quase 1.000 estudantes estrangeiros tiveram seus vistos revogados ou registros federais cancelados desde março, e a Associação Americana de Advogados de Imigração sugere que o número real pode ser ainda maior, ultrapassando 4.700.
Estudantes como Bernardo de Oliveira Geissmann, da Arizona State University, relatam um clima de medo palpável. Ele expressa preocupações sobre o futuro, afirmando que o temor de serem alvos do governo cria um impacto inquietante no ambiente acadêmico. Outros alunos têm optado por desativar suas contas em redes sociais e evitar participar de protestos, temendo que qualquer manifestação possa resultar em represálias.
O governo Trump argumenta que suas ações visam combater o antissemitismo e aqueles que simpatizam com organizações que considera terroristas, como o Hamas. Contudo, críticos da administração, incluindo ativistas e políticos do Partido Democrata, afirmam que essa abordagem é uma manobra para silenciar oposições a sua política externa em relação ao Oriente Médio. Eles alertam que essa “perseguição” vai além de elementos extremistas e pode atingir qualquer um que discorde da narrativa oficial.
Enquanto isso, a vida dos estudantes internacionais nos EUA, uma vez marcada pela liberdade de expressão e pela defesa de diversos pontos de vista, está se tornando cada vez mais conturbada e insegura. A autocensura se torna uma estratégia de sobrevivência em um cenário onde a crítica e a dissidência são tratadas como ameaças. Isso levanta questões sérias sobre o futuro da diversidade de opiniões nas universidades americanas e o papel destes estudantes na formação de um diálogo global em tempos de polarização.