ESPORTE – “Pódio histórico: Ginástica Artística celebra conquista de mulheres negras no Mundial”

A última edição do Mundial de Ginástica Artística, realizada em outubro na Antuérpia (Bélgica), proporcionou aos amantes do esporte uma imagem que certamente ficará guardada na memória. Trata-se do pódio formado exclusivamente por mulheres negras na disputa do individual geral, a prova que coroa as atletas mais completas da modalidade.

A foto emblemática mostra a norte-americana Simone Biles, que conquistou o ouro, a brasileira Rebeca Andrade, que ficou com a prata, e a atleta dos Estados Unidos, Shilese Jones, que conquistou o bronze. Essa imagem representa um marco na ginástica artística, pois demonstra que as mulheres negras estão sendo reconhecidas não apenas por suas habilidades esportivas, mas também como referências dentro do esporte.

Rebeca Andrade, de apenas 24 anos, ressaltou a importância desse pódio para ela e para muitas crianças, adolescentes, mulheres e homens negros. A ginasta brasileira mencionou a ex-ginasta Daiane dos Santos como sua inspiração, pois foi uma das poucas atletas com as quais ela se identificava. Rebeca afirmou que a conquista desse pódio é significativa, não apenas para ela, mas também para todas as meninas, e que ficou muito feliz em compartilhar esse momento com suas colegas de pódio.

Thales Vieira, cientista social e co-diretor-executivo do Observatório da Branquitude, ressalta que a imagem desse pódio reflete a resiliência dessas atletas, que brilham e conduzem suas carreiras no mais alto nível, apesar do racismo enfrentado. Para Vieira, Rebeca Andrade já é a maior ginasta brasileira e Simone Biles é considerada a maior ginasta de todos os tempos. Ele também afirma que imagens como essa quebram o estereótipo do mérito branco e mostram que as pessoas negras podem alcançar a excelência em qualquer área quando lhes são dadas oportunidades.

Ainda considerando apenas as conquistas olímpicas, Simone Biles, a ginasta com mais medalhas na história dos mundiais, está em nono lugar na classificação geral da ginástica olímpica. Já Rebeca Andrade, que possui duas medalhas, não está entre as dez primeiras colocadas. No entanto, com pelo menos mais uma edição dos Jogos Olímpicos pela frente, Biles e Andrade têm a chance de alcançar posições de destaque nesse ranking.

Mais do que conquistar medalhas, Simone Biles e Rebeca Andrade são representantes de uma nova geração de atletas negras que influenciam as próximas gerações, simplesmente por se orgulharem de quem são. Rebeca Andrade demonstra seu orgulho pela cor de sua pele e afirma que sempre foi firme e confiante em si mesma. Essas atletas têm o poder de inspirar e motivar não apenas no esporte, mas na vida de tantas pessoas.

No entanto, o cientista social Thales Vieira destaca que ainda há muito a ser feito. É necessário um compromisso verdadeiro por parte das confederações esportivas, organizações internacionais, atletas, juízes, imprensa e do público em geral. Apenas com esse compromisso poderá ser promovida uma verdadeira transformação no mundo esportivo, sem que frases prontas e acordos comerciais se sobreponham ao verdadeiro espírito esportivo.

Em resumo, o Mundial de Ginástica Artística proporcionou uma imagem poderosa e inspiradora: um pódio formado apenas por mulheres negras. Essa conquista representa não apenas vitórias esportivas, mas também um marco na representatividade e empoderamento das mulheres negras na ginástica e em outros esportes. Simone Biles e Rebeca Andrade são exemplos de determinação, excelência e orgulho de quem são, e influenciam as próximas gerações a seguirem seus passos. No entanto, é necessário um compromisso verdadeiro de todas as partes envolvidas para que o racismo seja combatido e mais oportunidades sejam criadas para atletas negros em todas as modalidades esportivas.

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