As declarações de Trump, que pretende reverter a história da entrega do canal ao Panamá, geraram reações imediatas do governo panamenho, sob a liderança do presidente José Raúl Mulino, que reiterou a defesa da soberania nacional sobre este importante recurso estratégico. Em resposta a essas ameaças, diversos países latino-americanos, como o México, também demonstraram solidariedade ao Panamá, evidenciando uma preocupação compartilhada acerca da postura intervencionista dos Estados Unidos.
O cientista político venezuelano Martín Pulgar, em análises sobre essa conjuntura, aponta que as ameaças de Trump têm como base não apenas um embate econômico, mas uma intenção mais ampla de negociação política. Para ele, Trump é um representante do que se denomina “Estado Profundo” dos EUA, agindo em nome de interesses corporativos que buscam reestabelecer a liderança norte-americana em um mundo cada vez mais multipolar, onde a China e outras potências emergem como concorrentes.
Pulgar argumenta ainda que, em resposta à pressão e ameaças constantes dos EUA, a solução para a América Latina reside na integração regional. Ele sugere que um fortalecimento da cooperação entre os países latino-americanos poderia servir como um contrapeso às ações americanas, promovendo um bloco que se resguarde de intervenções. Mecanismos existentes como a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a UNASUL (União das Nações Sul-Americanas) são vistos como estruturas que poderiam ser revitalizadas nessa busca por unidade.
A análise conclui que, embora a reindustrialização e o apelo de Trump por um retorno dos EUA à liderança produtiva sejam preocupações relevantes, a América Latina precisa aproveitar a oportunidade de fortalecer suas capacidades autônomas. Na visão de Pulgar, somente uma resposta conjunta poderá garantir um futuro mais estável e soberano para a região, especialmente em tempos onde as ameaças se tornam mais frequentes e desafiadoras.