A escuta foi instalada no carro do empresário Alex Parente, apontado como líder da organização criminosa ao lado do irmão, Fabio Parente, e do empresário José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo na Bahia. As gravações foram fundamentais para embasar pedidos de busca e apreensão contra o coordenador do DNOCS na Bahia, Rafael Guimarães de Carvalho, que mantém uma relação próxima com os irmãos Parente. Uma das empresas ligadas a eles fechou contratos de mais de R$ 100 milhões com o órgão.
O diálogo captado pela escuta revelou a preocupação de Rafael Guimarães com a decisão do STF sobre os pagamentos de obras provenientes de emendas parlamentares. Segundo a PF, ele demonstrou preocupação com os empenhos e os pagamentos das obras diante da decisão do Supremo. O chefe do DNOCS ainda falou sobre possíveis dificuldades financeiras das empresas envolvidas, destacando a importância dos pagamentos no andamento dos negócios.
O contexto da gravação coincide com um momento em que o ministro Flávio Dino estava endurecendo em relação ao Congresso Nacional no que diz respeito à transparência na destinação de emendas parlamentares. O governo havia suspendido os pagamentos de emendas com base em uma decisão do ministro, o que gerou preocupação para os envolvidos que dependiam desses recursos para a realização de obras.
Diante desses fatos revelados pela escuta ambiental, a investigação da operação Overclean ganha mais profundidade e levanta questionamentos sobre a relação entre agentes públicos e privados envolvidos nos desvios milionários apurados pela Polícia Federal. A atuação do ministro Flávio Dino e suas decisões têm impacto direto nas investigações e no desenrolar desse escândalo de corrupção.