Epidemia de Mpox na África: Especialistas discutem fatores que aumentam a vulnerabilidade do continente a surtos de doenças infecciosas.



A África enfrenta uma nova emergência de saúde pública com o surto da mpox, uma doença causada por um vírus que tem suas origens no continente. O CDC África anunciou a necessidade urgente de 10 milhões de doses de vacinas para controlar a propagação da doença, um desafio significativo considerando a escassez global de imunizantes. Essa situação lembra os momentos difíceis vividos durante a pandemia de COVID-19, quando a África foi uma das últimas regiões a receber as vacinas necessárias para enfrentar o vírus.

Os especialistas destacam que a África é uma região particularmente vulnerável a epidemias devido a uma combinação de fatores biológicos, sociais e históricos. De acordo com Benisio Ferreira da Silva Filho, biomédico e professor, o clima tropical e a rica biodiversidade da África criam um “caldeirão biológico” que favorece não apenas a vida selvagem, mas também a transmissão de doenças zoonóticas. A interação frequente entre humanos e animais selvagens aumenta a probabilidade de contágio por patógenos, como o vírus da mpox, que antes era exclusivo de primatas.

Os sintomas da mpox incluem febre, dores corporais e, de forma mais característica, o aparecimento de lesões cutâneas que podem causar infecções por contato direto. Essa dinâmica de transmissão é amplificada pelo estilo de vida nas comunidades africanas, caracterizado por um alto grau de interação social, o que facilita a propagação do vírus.

Além dos fatores biológicos, a história colonial do continente também desempenha um papel crucial na sua suscetibilidade às epidemias. Vitor de Pieri, geógrafo, observa que a divisão irregular do território africano imposta pelos colonizadores deixou um legado de instabilidade política e desorganização social, resultando em Estados que frequentemente carecem de infraestrutura adequada para lidar com crises de saúde pública.

Esse contexto histórico é agravado pelo fato de que, em situações de emergências globais como pandemias, a África é frequentemente vista como uma prioridade secundária em termos de apoio internacional e acesso a vacinas e tratamentos. Embora o surto de mpox no continente tenha atraído a atenção para a necessidade urgente de vacinação, a possibilidade de que esse surto represente um risco à saúde mundial é considerada baixa. Especialistas acreditam que, apesar da sua capacidade de se espalhar, a mpox não possui a mesma letalidade que outras doenças, como a COVID-19.

Portanto, embora a África continue a ser um ponto crítico na luta contra epidemias, é vital que a comunidade global reconheça a importância de oferecer suporte e recursos adequados, garantindo que o continente tenha a infraestrutura necessária para enfrentar essas crises de forma mais eficaz no futuro.

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