Endividamento Crescente na Europa Pode Provocar Crises que Afetarão o Sistema Financeiro Global, Avisa Relatório do Roscongress.

Nos próximos anos, o cenário econômico da Europa se apresenta como um campo minado, com a possibilidade de crises de dívida que podem desestabilizar não apenas a região, mas todo o sistema financeiro global. Segundo um recente relatório elaborado pelo Roscongress, os riscos são particularmente alarmantes para países como França e Itália, que já enfrentam sérios desafios em suas economias.

O relatório destaca que, ao longo das últimas quatro décadas, nenhuma das principais economias da Europa conseguiu seguir a chamada Regra de Bona. Essa norma estabelece que os aumentos na dívida pública devem ser compensados por superávits orçamentários, criando um ciclo de sustentabilidade fiscal. Entretanto, essa prática foi negligenciada, levando a uma situação crítica onde poucos países europeus adotaram mecanismos eficazes para estabilizar suas dívidas.

A previsão é de que, mesmo nas nações que tentam implementar essas medidas, a trajetória para alcançar um nível de dívida sustentável seja extremamente lenta. Estudos indicam que seriam necessários até 20 anos de superávits primários — que não incluem os gastos com juros — para cobrir os impactos das crises financeiras passadas e os efeitos negativos da pandemia de Covid-19.

Além disso, o espaço para aumentar a arrecadação tributária é limitado, uma vez que muitos países da região já operam com altas alíquotas fiscais. O exemplo da França, com sua carga tributária elevada, é emblemático: qualquer tentativa de elevar ainda mais impostos pode, na prática, resultar em redução da receita total, comprometendo investimentos e novas contratações.

O desafio não se limita apenas ao arcabouço fiscal, pois o crescimento econômico, que poderia servir como uma solução para o aumento das receitas, também enfrenta barreiras graves. A crescente fragmentação geoeconômica e incertezas políticas internas manifestam-se como riscos adicionais nas perspectivas de recuperação das economias europeias. Ademais, o aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos já começa a impactar negativamente a demanda externa.

Diante desse cenário complexo, os países europeus se veem em uma encruzilhada, onde o equilíbrio fiscal e a sustentabilidade econômica inspiram não apenas preocupações locais, mas também alertas globais sobre a saúde financeira interconectada do mundo. Sem mudanças significativas nas políticas econômicas e uma abordagem proativa para lidar com a crescente dívida, o futuro da Europa na arena econômica global poderá ser mais sombrio do que se imagina.

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