Recentemente, uma das maiores fábricas de painéis solares da China, localizada no Vietnã, diminuiu a produção para dar lugar à instalação de novas plantas em nações vizinhas, como Indonésia e Laos. Esse movimento não é apenas uma reação às tarifas dos Estados Unidos, mas uma parte de uma estratégia mais ampla para garantir que a China continue a ser responsável por cerca de 80% das remessas globais de células fotovoltaicas.
A história das tarifas americanas começa em 2012, quando Washington iniciou uma série de restrições que visavam proteger a indústria solar local. Desde então, as importações de equipamentos solares para os EUA mais do que triplicaram, atingindo impressionantes US$ 15 bilhões no último ano. Um dado interessante é que, embora a maioria dos componentes não venha mais diretamente da China, cerca de 80% deles são agora exportados de países como Vietnã, Tailândia, Malásia e Camboja, onde as fábricas chinesas operam.
Essa dinâmica levou o governo dos Estados Unidos a expandir suas tarifas sobre as exportações solares desses países asiáticos, em resposta a reclamações de fabricantes locais que argumentam que estão em desvantagem competitiva frente a produtos chineses, que se beneficiam de subsídios do governo chinês. Em um claro movimento para garantir um fluxo de produção eficiente, pelo menos quatro novos projetos relacionados à China foram lançados na Indonésia e no Laos, somando uma capacidade total de 22,9 gigawatts.
Ao que tudo indica, essas novas instalações não apenas têm como objetivo o abastecimento do mercado local, mas também uma significativa parte de sua produção será destinada aos Estados Unidos, o segundo maior mercado de energia solar do mundo, após a China. A manobra evidencia como a geopolítica e a economia interagem de forma complexa e estratégica no setor de energia renovável, onde a inovação e a adaptação se tornam fundamentais para a sobrevivência e o crescimento empresarial.