Empresários de Manaus são presos com R$ 1,25 milhão na mala; investigação aponta ligações com políticos e indícios de lavagem de dinheiro e corrupção.



Na última terça-feira, 20 de maio, a viagem de três empresários de Manaus a Brasília culminou em uma investigação da Polícia Federal (PF) que revela possíveis esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro. César de Jesus Glória Albuquerque, Erick Pinto Saraiva e Vagner Santos Moitinho estavam a bordo do voo 3747 da Latam, certos de que retornariam sem levantar suspeitas. No entanto, durante uma fiscalização de rotina, agentes da PF descobriram R$ 1,25 milhão em cédulas escondidas em uma das malas do trio.

Os empresários alegaram que estavam em Brasília para adquirir insumos e liquidar dívidas, afirmando atuar principalmente na área de contratos públicos em diversas prefeituras do Amazonas. Entretanto, suas respostas não foram consistentes, e após um minucioso questionamento, surgiram contradições, levando à sua prisão em flagrante.

A investigação se aprofundou, revelando que os empresários poderiam estar em Brasília para efetuar pagamentos ilícitos a políticos, especialmente em um momento sensível, já que a capital abriga a Marcha em Favor dos Municípios, evento que reúne autoridades locais. O envolvimento dos empresários com políticos do Amazonas foi rapidamente identificado; Vagner Santos Moitinho, por exemplo, é pai do vereador Lucas Souza Moitinho, recém-eleito em Presidente Figueiredo.

Documentos mostram que Vagner doou R$ 1 mil à campanha de seu filho, enquanto César e Erick também se vincularam a campanhas de outros políticos locais. Erick, por exemplo, recebeu R$ 93,5 mil da campanha do prefeito de Itacoatiara, Mário Abrahim, e César recebeu R$ 2,4 mil do filho de Vagner.

Além disso, a análise da PF revelou que os empresários receberam Auxílio Emergencial durante a pandemia, apesar de declararem rendimentos significativos. Os volumes de recursos movimentados são alarmantes, sugerindo um complexo esquema financeiro. César, por exemplo, possui uma empresa com mais de 40 atividades registradas, incluindo desde a venda de alimentos até serviços funerários, mas ainda sem funcionários registrados.

As incoerências vão além. A suposta sede da empresa de César não corresponde aos dados apresentados; ao invés de uma estrutura empresarial, o endereço indicado é apenas uma parada de ônibus. A PF, até o fechamento da reportagem, não havia encontrado nenhuma evidência física das atividades da empresa, levantando ainda mais questionamentos sobre a veracidade das alegações dos empresários e a natureza de seu negócio.

No cenário político e econômico atual, esse caso lança luz sobre a necessidade de transparência e rigor nas investigações envolvendo figuras públicas e empresários, demonstrando como laços familiares e eleitorais podem entrelaçar interesses privados e públicos, em detrimento da ética e da legalidade.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo