Como resultado dessa redução de recursos, os bancos têm destinado menos dinheiro para empréstimos no SBPE, o que reduz a disponibilidade de financiamentos imobiliários. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o número de lançamentos de unidades imobiliárias pelo SBPE caiu entre 20% e 30% no ano passado. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) prevê que o volume de crédito no sistema fique estável em relação ao ano passado, impactado tanto pela retirada de recursos da poupança como pelos juros ainda altos.
A diminuição do estoque de dinheiro nas poupanças pode resultar em um aumento nas taxas de juros para os financiamentos imobiliários. Com o SBPE menos requisitado, os mutuários de classe média têm duas alternativas: os financiamentos com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). Ambas as opções possuem regras adicionais e podem apresentar juros mais altos, impactando diretamente a acessibilidade da classe média à moradia.
Segundo o advogado Marcelo Tapai, especialista em Direito Imobiliário, o mercado imobiliário está passando por uma mudança estrutural devido à perda de interesse dos investidores pela poupança. A ampliação de opções no mercado financeiro e o baixo rendimento da poupança têm levado os investidores a buscar alternativas mais atrativas, resultando em um cenário de menor disponibilidade de recursos para financiamentos.
Apesar dos desafios, a Abecip aposta em um crescimento de 3% no crédito imobiliário em 2024, impulsionado pelos financiamentos do FGTS. A CBIC também estima um crescimento no volume de empreendimentos imobiliários com recursos do FGTS e do Minha Casa, Minha Vida. No entanto, as projeções para o mercado imobiliário ainda estão sujeitas a mudanças, dependendo do impacto contínuo da debandada de investidores da poupança.