De acordo com a pesquisa, os estudantes, principalmente os mais velhos, procuram os professores para pedir ajuda e se informar sobre o uso de tecnologias digitais. No entanto, ainda há lacunas tanto na formação de professores quanto na oferta de aulas e cursos nas escolas sobre essas questões sensíveis.
O estudo revelou que 61% dos professores afirmaram ter apoiado alunos nessas situações, o que representa um aumento em relação a 2021, quando esse número era de 49%. Entre os motivos citados pelos docentes estão o uso excessivo de jogos e tecnologias digitais (46%), o cyberbullying (34%), a discriminação (30%), a disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento (26%) e o assédio (20%).
No entanto, à medida que os alunos vão ficando mais velhos, eles buscam menos os pais ou responsáveis e mais os professores para obter informações sobre o uso de tecnologias digitais. Entre os estudantes de 9 e 10 anos de idade, 80% procuram os pais, mas essa porcentagem cai para 34% entre os que têm 18 anos ou mais. Já a busca pelos professores se mantém constante, em torno de 43%, até os 17 anos. Nas áreas rurais, a busca por professores é ainda maior, chegando a 56%, considerando a média de todas as idades.
A coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, ressalta a importância dos professores como fonte de referência para os estudantes. Segundo ela, os professores são uma presença mais estável no desenvolvimento dos estudantes, enquanto os amigos, vídeos e tutoriais na internet se tornam mais relevantes à medida que eles vão se tornando mais independentes.
A pesquisa também mostrou que, à medida que os estudantes ficam mais velhos, eles buscam mais informações por meio de vídeos e tutoriais na internet. A proporção daqueles que aprendem com vídeos e tutoriais varia de 63% a 90%, conforme os estudantes vão crescendo. Além disso, a proporção daqueles que aprendem sozinhos aumenta, chegando a 97% entre os alunos com 18 anos ou mais.
Diante da demanda por informações, os professores afirmam precisar de formação específica. Segundo a pesquisa, 75% dos docentes sentem falta de um curso voltado para a adoção de tecnologias digitais nas atividades educacionais com os alunos.
No entanto, os professores enfrentam desafios ao incorporar a tecnologia na sala de aula. Metade deles afirmou que os alunos ficam dispersos quando há uso de tecnologias durante as aulas. Daniela Costa destaca a importância de incluir o uso de tecnologia em uma proposta pedagógica, para evitar restrições que inviabilizem oportunidades de aprendizado para os estudantes.
Em relação ao trabalho com as questões sensíveis da internet, a pesquisa mostrou que 47% dos coordenadores das escolas dizem que essas atividades fazem parte do conteúdo de um ou mais disciplinas do currículo comum. Outros 27% afirmam que são oferecidas em disciplinas ou atividades extracurriculares, enquanto 17% dizem que essas atividades são realizadas apenas quando os alunos enfrentam algum problema no uso da internet ou das tecnologias.
Quanto à inclusão da comunidade escolar, metade das escolas oferece atividades voltadas aos pais, responsáveis e outros funcionários apenas uma vez por ano ou nem oferece atividades desse tipo.
A pesquisa também aponta que as escolas brasileiras estão mais conectadas após a pandemia, mas ainda há falta tanto de dispositivos para acessar a internet quanto de uma maior qualificação sobre o uso das tecnologias.
Diante desses dados, Daniela Costa destaca a importância de uma educação significativa mediada por tecnologias digitais, que inclua a educação digital e a inclusão desse tema no currículo das escolas.
A pesquisa TIC Educação é realizada desde 2010 e tem como objetivo investigar a disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas brasileiras e o uso dessas tecnologias por estudantes e educadores. Na edição de 2022, foram realizadas 10.448 entrevistas em 1.394 escolas públicas e particulares, envolvendo gestores escolares, coordenadores, professores e alunos. A pesquisa está disponível na internet para consulta.