O levantamento foi realizado em oito unidades das Fábricas de Cultura, localizadas em regiões como Brasilândia, Capão Redondo e Diadema. A média mensal de empréstimos de livros atingiu 197, refletindo um interesse diversificado por gêneros literários, que incluem mangás, literatura negra, LGBTQIAPN+ e indígena, além de clássicos e best-sellers contemporâneos. Essa diversidade literária desafia os estereótipos comuns sobre os gostos nas periferias e demonstra que as preferências dos leitores são ricas e variadas.
A pesquisa mostrou que obras de autores reconhecidos como Fiódor Dostoiévski e Virginia Woolf compartilham prateleiras com obras populares como “One Piece” e contos de horror de Junji Ito. Em localidades como Brasilândia e Jardim São Luís, os mangás se destacam entre os títulos mais procurados, enquanto outras áreas revelam uma busca por temas complexos como identidade e saúde mental, demonstrando um apetite por diferentes culturas e narrativas.
Outro ponto relevante da pesquisa é o protagonismo feminino nas escolhas literárias. Obras de autoras como Audre Lorde e Conceição Evaristo são amplamente procuradas, o que indica um forte interesse por narrativas que promovem empoderamento e refletem as experiências vividas por essas leitoras.
Além das práticas de leitura, as Fábricas de Cultura desempenham um papel fundamental ao funcionarem como espaços culturais acessíveis e inovadores. Com programas que integram a literatura ao cotidiano dos frequentadores, essas bibliotecas oferecem oficinas, rodas de conversa e atividades artísticas, tornando-se centros vibrantes de aprendizado e expressão cultural. A renovação contínua de acervo, que inclui 38% de novos títulos a cada mês, garante que as vozes negras, indígenas e LGBTQIAPN+ estejam representadas, fortalecendo a conexão entre a literatura e as vivências dos leitores.
Enquanto isso, as Fábricas de Cultura reforçam a importância do acesso ao livro e à leitura, promovendo uma alternativa à elitização cultural. As parcerias com escolas e coletivos locais ampliam o impacto dessas iniciativas, consolidando-as como polos de articulação e transformação comunitária. O estudo evidencia, portanto, que a leitura nas periferias não apenas enriquece o conhecimento cultural, mas também atua como um agente de mudança, promovendo um sentido de pertencimento e empoderamento coletivo.