De acordo com os dados coletados, a probabilidade de um aluno estar em uma escola de predominância negra, sem acesso à água potável, é sete vezes maior, se comparada à de uma escola de predominância branca. Do total de estudantes privados desse recurso básico, 768,6 mil estão em escolas predominantemente negras, 528,4 mil em escolas mistas e 75,2 mil em escolas de predominância branca.
Além da questão da água potável, o estudo também abordou o saneamento básico nas escolas, observando a presença de banheiros, coleta de lixo e esgoto. Os resultados mostraram que mais da metade dos alunos matriculados em escolas predominantemente negras enfrentam a falta de pelo menos um desses serviços, enquanto nas escolas de predominância branca, essa porcentagem é significativamente menor.
Segundo o pesquisador Marcelo Tragtenberg, a ausência de infraestrutura de água e saneamento nas escolas impacta diretamente na saúde e no aprendizado dos estudantes. Ele ressaltou que as desigualdades raciais se manifestam também nesse contexto, com as escolas onde predominam alunos negros apresentando piores condições estruturais.
O estudo não deixou de mencionar a situação das escolas predominantemente indígenas, que também sofrem com baixíssimos índices de atendimento aos serviços públicos de saneamento básico. Dos 360 mil indígenas matriculados na rede pública, a maioria não possui acesso adequado à água, esgoto, coleta de lixo e outros serviços essenciais.
Diante desse cenário preocupante, o estudo ressaltou a necessidade de políticas públicas mais eficazes e equitativas, que considerem as desigualdades raciais e regionais do país. A falta de saneamento básico não afeta apenas as escolas, mas também milhões de pessoas em todo o Brasil, que enfrentam problemas de acesso à água tratada e à coleta de esgoto. É crucial que medidas sejam tomadas para garantir condições dignas e saudáveis para todos os estudantes, independentemente de sua origem étnico-racial.