EDUCAÇÃO – Estudantes em greve ocupam prédio central da USP após ameaça de reprovação por falta



Estudantes em greve da Universidade de São Paulo (USP) ocuparam o prédio central da administração da instituição após um comunicado da reitoria informar que o calendário acadêmico não seria alterado e que os grevistas poderiam ser reprovados por falta. A ocupação reúne alunos das faculdades de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e de Arquitetura, Urbanismo e Design e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), que fica na zona leste da cidade. A mobilização dos estudantes começou em 19 de setembro na FFLCH e, dias depois, diversos institutos da universidade aderiram ao protesto. A principal reivindicação dos grevistas é a recomposição do quadro de professores.

Segundo o comunicado da reitoria, a partir da sexta semana de paralisação, os estudantes não terão mais como repor as aulas. O calendário acadêmico não será alterado e o semestre letivo termina no dia 22 de dezembro. A Associação de Docentes da USP (Adusp) recebeu o comunicado com indignação e encaminhou um ofício ao Conselho de Graduação da USP solicitando a revogação da normativa. A Adusp considera a medida como uma retaliação ao movimento estudantil, pois limita a possibilidade de reposição de aulas e estabelece redução no percentual de frequência, o que pode resultar em reprovações indevidas.

Em nota divulgada pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, ele nega que a intenção do comunicado tenha sido a de promover perseguição e retaliação. A circular tinha o objetivo de alertar a comunidade acadêmica para a necessidade de encerrar o semestre letivo de forma adequada. Segundo o reitor, as unidades que tiveram paralisação poderão fazer adaptações de conteúdo nas disciplinas até o final do ano letivo. As notas serão lançadas até fevereiro de 2024, conforme o calendário vigente.

Na USP Leste, o prédio principal está ocupado há 47 dias, segundo o comando de greve dos estudantes. A representante do comando de greve, Giulia Baffini, informou que a greve será mantida por prazo indeterminado, pois suas demandas ainda não foram atendidas. Entre as reivindicações estão a contratação de mais professores, o retorno das bolsas do Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil que foram canceladas e a efetivação da construção dos prédios já aprovados no plano diretor da EACH. A reitoria informou que a EACH já havia recebido 21 vagas para a contratação de professores.

A estudante Giulia considera positivas as reivindicações já aprovadas com a mobilização, mas pede uma formalização das promessas. Ela afirma que a diretoria da EACH ainda não recebeu nenhum comunicado oficial sobre a construção da creche prometida e a expansão da oferta de refeições no restaurante universitário. A reitoria explica que a confirmação das propostas negociadas está atrelada ao fim da paralisação, que ainda não ocorreu.

A proposta da administração da USP envolve a disponibilização de 1.027 vagas para docentes, sendo 879 que já faziam parte da política de contratação da universidade e mais 148 que serão distribuídas de acordo com as perdas ocorridas em cada unidade no ano de 2022. Ainda não há previsão para que a greve dos estudantes da USP seja encerrada.

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