A proposta é parte do projeto “Lá Vem História”, que visa capacitar 50 professores de 20 escolas parceiras por meio de oficinas artísticas e culturais. As atividades incluem manifestações tradicionais como danças indígenas, jongo, samba e capoeira, além de medições de leitura que buscam envolver os educadores de manera lúdica e interativa. Este enfoque estimula o contato com a literatura oral e escrita, desafiando as narrativas predominantes e abrindo espaço para novas vozes.
Lêda Fonseca, coordenadora do projeto “Lá Vem História”, enfatiza que a educação antirracista é um imperativo legal no Brasil, conforme estabelecido pela Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira em todas as escolas, tanto públicas quanto privadas. A inclusão da cultura indígena em 2008, por meio da Lei 11.645, reforça essa necessidade. Lêda observa que muitos educadores foram formados sob uma perspectiva eurocêntrica, tornando crucial expandir seu repertório sobre as culturas africana e indígena, especialmente em uma rede pública onde a maioria dos alunos se identifica como parda ou negra.
Cada uma das 20 instituições envolvidas no projeto receberá um acervo de dez obras de autoras renomadas, como Djamila Ribeiro e Bell Hooks, criando uma biblioteca antirracista que amplia o acesso a narrativas diversas. Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação, destaca que o “Lá Vem História” tem transformado a vida de alunos ao integrar cultura e arte nas escolas municipais, promovendo reflexões sobre diversidade e inclusão.
Além das atividades práticas, o programa contará com rodas de conversa e debates sobre práticas pedagógicas decoloniais, além de visitas a locais historicamente significativos, como o Cais do Valongo e a Aldeia Maracanã, ambos reconhecidos pela UNESCO. Essas experiências visam aprofundar o entendimento das identidades afro-brasileira e indígena.
As agendas dos dois dias incluem apresentações culturais e mesas redondas com especialistas na área, incluindo a presença do secretário Ferreirinha, reforçando a importância do evento não apenas na formação dos educadores, mas também na construção de uma consciência crítica nas próximas gerações. A ONG Parceiros da Educação, fundada em 2009, tem se destacado por seu comprometimento com melhorias nas escolas e capacitação de profissionais, impactando efetivamente o cenário educacional no Rio de Janeiro.
