EDUCAÇÃO – Apostas online comprometem acesso à graduação de 33,8% dos apostadores brasileiros, alerta pesquisa recente da Abmes sobre o impacto das bets nas finanças.



Os resultados de uma pesquisa recente indicam que os gastos com apostas online estão impactando o acesso à educação superior. Aproximadamente 33,8% dos apostadores afirmam que suas despesas com apostas estão dificultando o início da graduação em instituições de ensino particulares. O estudo, que se debruçou sobre essa realidade, foi conduzido pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes) em colaboração com o instituto Educa Insights, e contou com a análise de um total de 11.762 entrevistas.

O cenário é alarmante: 34,4% dos entrevistados admitiram que precisariam reduzir ou interromper os gastos com apostas para se matricularem em cursos de graduação em 2026. Paulo Chanan, diretor-geral da Abmes, observou que esses dados revelam uma crescente preocupação, especialmente entre jovens das classes C e D, que estão sendo cada vez mais afetados pela proliferação de sites de aposta. O fenômeno é relativamente novo no Brasil e ainda carece de uma regulamentação robusta, que poderia mitigar seus efeitos.

Ao analisar o perfil dos apostadores, os dados mostram que a maioria dos entrevistados é composta por homens (85%), muitos com filhos (72%) e integrados ao mercado de trabalho (85%). A grande incidência de jovens na faixa etária de 18 a 35 anos também é evidente. Um fenômeno que se desenha é o impacto financeiro das apostas, que já levou 14% dos estudantes já matriculados a atrasar mensalidades ou até mesmo trancar seus cursos.

Com base no Censo da Educação Superior de 2023, estima-se que cerca de 986 mil estudantes podem ser diretamente afetados por essas práticas até 2026. Além do impacto na matrícula, o estudo revela que, entre os apostadores que apostam uma a três vezes na semana, 45,3% gastaram mais de R$350 nas apostas, um aumento em relação ao ano anterior.

A pesquisa também destaca que, além do ensino superior, as apostas têm gerado um efeito em outras áreas da vida dos jovens. Quase 29% disseram ter deixado de frequentar restaurantes ou sair com amigos por conta das perdas financeiras em apostas. Nesse contexto, a Abmes se posiciona a favor de uma regulamentação mais rigorosa, propondo campanhas de conscientização e discussões sobre os riscos envolvidos nas apostas, buscando assegurar que a educação superior não seja mais um alvo da instabilidade causada pelo jogo online.

Esse fenômeno, portanto, levanta questões não apenas sobre o acesso à educação, mas também sobre o bem-estar financeiro e a saúde mental dos jovens brasileiros, que precisam encontrar um equilíbrio entre entretenimento e suas responsabilidades financeiras.

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