Embora março tenha registrado o maior volume de vendas já registrado na história do programa, com R$ 11,69 bilhões, este desempenho de julho destaca a crescente adesão dos investidores ao Tesouro Direto, especialmente em um cenário de taxas de juros elevadas. Os títulos atrelados à taxa básica de juros, que correspondiam a 52,9% de todas as vendas, mostraram-se os mais buscados. Já os títulos corrigidos pela inflação, que utilizam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como referência, representaram 24,6% do total. Os papéis prefixados, com taxa de juros fixada no momento da emissão, totalizaram 10,9%.
Um aspecto notável é a crescente popularidade do Tesouro Renda+, destinado a financiar aposentadorias, que pela primeira vez superou a marca de 10% nas vendas. Além disso, o recém-lançado Tesouro Educa+, voltado para a educação superior, conseguiu atrair apenas 1,7% das vendas. O forte interesse por títulos ligados à Selic se deve à taxa elevada, atualmente em 15% ao ano, atraindo investidores em busca de maior rendimento. A expectativa de um possível aumento da inflação também impulsiona o interesse por papéis atrelados ao IPCA.
Em termos de participação no programa, o estoque total do Tesouro Direto atingiu R$ 185,74 bilhões no final de julho, uma alta de 2,99% em relação ao mês anterior e 27,76% na comparação anual. Esse crescimento é refletido pelo aumento das vendas, que superaram os resgates em R$ 3,68 bilhões no último mês.
O número de investidores ativa no programa também cresceu, com 253.621 novos participantes registrados em julho, totalizando quase 33 milhões de investidores. Ao longo do último ano, a base de investidores cresceu 12,6%, com 3,1 milhões de usuários ativos, um aumento de 16,5%.
O perfil dos novos investidores indica uma preferência por pequenos valores, com 79,3% das operações totalizando até R$ 5 mil. As aplicações de até R$ 1 mil representaram 54,9% das vendas. O valor médio por operação se fixou em R$ 7.494,38, refletindo um comportamento que prioriza papéis de curto e médio prazo, com 39,4% das vendas concentradas em títulos de até cinco anos.
O Tesouro Direto, criado em 2002, visa democratizar o acesso a investimentos em títulos públicos, permitindo que pessoas físicas adquiram esses ativos diretamente pela internet, sem intermediários. As operações no sistema são acompanhadas por taxas reduzidas, facilitando o acesso à população e permitindo que o governo capte recursos para honrar seus compromissos financeiros, oferecendo em troca rendimentos atrelados à Selic, à inflação ou a taxas fixas.