Dentre esses produtos, o suco de laranja se revela o mais afetado pelas novas tarifas, pois já está sujeito a uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada. A previsão é que a nova sobretaxa agrave a competitividade do produto no mercado norte-americano, considerado o segundo maior destino das exportações brasileirassem. A relevância do Brasil nesse setor é notável, visto que o país fornece cerca de 80% do suco consumido nos Estados Unidos, que dependem em grande parte das importações para atender sua demanda. Atualmente, o governo brasileiro enfrenta uma excelente safra, mas a incerteza no mercado norte-americano pode impactar negativamente as cotações internas dos produtos.
O café também se encontra em uma situação delicada, especialmente por ser um dos principais produtos consumidos pelos americanos. Os Estados Unidos são responsáveis por uma fatia significativa das importações brasileiras, e qualquer aumento nos custos de importação pode afetar toda a cadeia que envolve torrefadores, cafeterias e redes de varejo. Por isso, especialistas da Cepea ressaltam que a exclusão do café do aumento tarifário não é apenas desejável, mas essencial para a estabilidade do mercado café no Brasil e nos Estados Unidos.
Outro setor a ser impactado é o da carne bovina, onde os Estados Unidos ocupam a segunda posição como principal cliente do Brasil. Recentes tendências mostram uma queda nas exportações para os EUA, enquanto as vendas para a China aumentam. Isso levanta a possibilidade de que frigoríficos brasileiros procurem diversificar seus mercados, evitando a dependência das vendas para o país norte-americano.
Quando se considera o impacto sobre as frutas frescas, especialmente a manga e a uva, a situação torna-se ainda mais crítica, uma vez que as janelas de exportação já estão se aproximando. A expectativa inicial era de crescimento nas exportações, mas o tarifaço trouxe incerteza, resultando em uma possível reorientação das vendas para outras regiões, como a União Europeia ou o mercado interno.
Diante desse cenário desafiador, o Cepea destaca a urgência de se estabelecer uma articulação diplomática eficaz com o objetivo de revisar ou eliminar as tarifas sobre produtos agroalimentares brasileiros. Tal movimento é visto como benéfico não apenas para o Brasil, mas também para os Estados Unidos, cuja segurança alimentar e competitividade do setor agroindustrial dependem substancialmente do fornecimento brasileiro. A situação mostra-se complexa e exige atenção e ações coordenadas para evitar consequências graves para ambos os países.