O mercado de trabalho, por sua vez, pode sofrer um golpe significativo, com previsões de perda de 195 mil empregos no RS e 110 mil em outras regiões do país. Esses números equacionam a 7,19% do estoque de empregos formais do estado e a 0,69% em âmbito nacional. A CNC alerta que, caso não sejam implementadas medidas mitigatórias eficazes, o comércio, os serviços e o turismo serão duramente afetados.
A CNC estima que o comércio perderá diariamente cerca de R$ 5 bilhões, o que corresponde a 31,5% do previsto para o mês de maio. No setor de infraestrutura e abastecimento, uma queda de 28% no fluxo de veículos de carga nas estradas é esperada. Em condições normais, o RS contribui com 7% do volume de vendas no varejo brasileiro. As perdas no comércio podem alcançar R$ 10 bilhões, representando 5% do faturamento de 2023.
No turismo, os prejuízos diários são estimados em mais de R$ 49 milhões, podendo acumular até R$ 2 bilhões de perdas até junho e R$ 6 bilhões ao final do ano. O estudo revela que a infraestrutura de transporte comprometida, incluindo o fechamento do aeroporto de Porto Alegre e rodovias, é um grande risco para o setor.
A indústria agrícola, que responde por cerca de 6% do PIB estadual, e a produção de arroz, representando 1%, também serão afetadas. A indústria gaúcha, especializada em transformação de máquinas, produtos químicos e veículos, não ficará imune aos impactos.
Para reconstruir a economia do Rio Grande do Sul, a CNC propõe medidas que vão além do pacote de apoio do governo federal, avaliado em R$ 46,1 bilhões. A entidade calcula que são necessários R$ 19 bilhões apenas para a reconstrução da infraestrutura estadual.
Para preservar empregos, as sugestões incluem a redução proporcional da jornada de trabalho e salários, suspensão temporária de contratos com compensação financeira, flexibilização do trabalho remoto, antecipação de férias e utilização de bancos de horas.
No que tange ao acesso ao crédito, a CNC sugere um programa de crédito para pagamento de folhas salariais na forma “standstill”, renegociação de dívidas tributárias e a redução a zero do spread bancário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, um alívio tributário com diferimento de seis meses para pagamento do Simples Nacional e impostos federais, e a criação do Programa Perse-RS para reduzir alíquotas do setor de turismo até 2027 são propostas.
Em conclusão, a CNC enfatiza a importância da rápida implementação das medidas de auxílio para evitar efeitos prolongados e danos adicionais à economia do RS e do Brasil. Com a tragédia histórica que o Rio Grande do Sul enfrentou, medidas resilientes são cruciais para assegurar que tal calamidade não se repita nas proporções recentes, promovendo uma recuperação econômica robusta e sustentável.