Durante a cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, foram assinados os contratos de financiamento entre o BNDES, o FIDA e os nove estados do Nordeste. Esses estados tiveram seus projetos aprovados através de um edital lançado em julho deste ano. De acordo com Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, trata-se não apenas de um projeto social, mas também de uma pesquisa estratégica. Isso porque, diante do cenário de eventos climáticos extremos, é fundamental buscar soluções para os desafios apresentados pela mudança do clima.
A região Nordeste, em especial o semiárido, é histórica e constantemente afetada pela ausência de recursos hídricos, pelo sol intenso, pelas variações de temperatura e pelo aquecimento global. Diante desse contexto, o projeto Sertão Vivo se apresenta como uma oportunidade para se estudar como o planeta pode se defender do aquecimento global em áreas semelhantes, por meio do uso adequado da água, da produção de variedades que garantam uma alimentação saudável e do desenvolvimento de tecnologias sociais.
Os recursos destinados pelo BNDES e pelo FIDA serão utilizados para apoiar projetos nos estados do Nordeste que visam aumentar a resiliência climática da população rural do semiárido brasileiro. Serão contemplados agricultores familiares, assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e fundos de pasto. Os beneficiados receberão capacitação e deverão adotar práticas que garantam o acesso à água, aumentem a produtividade e a segurança alimentar, promovam a restauração de ecossistemas degradados e reduzam as emissões de gases do efeito estufa.
Inicialmente, o projeto contemplaria apenas quatro estados do Nordeste, mas o BNDES anunciou a ampliação com recursos próprios. Dessa forma, os governos estaduais receberão um financiamento de R$ 1,5 bilhão, sendo que R$ 300 milhões são recursos não reembolsáveis. Vale ressaltar que o FIDA opera com recursos do Fundo Verde para o Clima (GCF), que financia projetos alinhados com as metas do Acordo de Paris.
Além de marcar o lançamento desse importante projeto, essa foi a primeira aparição pública do presidente Lula após a cirurgia no quadril da qual foi submetido em setembro. O presidente não discursou, mas já havia retomado suas atividades internas no Palácio do Planalto na segunda-feira (23). A cirurgia foi realizada para tratar a artrose na cabeça do fêmur do quadril direito, que causava dores e limitações de movimento. Além disso, Lula também passou por uma cirurgia nas pálpebras para retirar o excesso de pele.
A presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também foi destacada durante o evento. O Projeto Sertão Vivo conta com o apoio do Consórcio Nordeste, formado pelos governadores dos estados da região, e busca enfrentar os desafios da região frente às mudanças climáticas, além de promover o desenvolvimento sustentável e a resiliência das comunidades rurais no Nordeste brasileiro.