De acordo com a CNC, essa redução no endividamento é reflexo do comportamento cauteloso das famílias em relação ao uso do crédito. No entanto, o número de famílias consideradas “muito endividadas” aumentou para 16,8%, sinalizando que mesmo com a diminuição geral do endividamento, algumas famílias enfrentam dificuldades financeiras mais severas.
O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, destaca que o cenário macroeconômico influencia diretamente o endividamento, mencionando o crescimento do PIB no segundo trimestre. Aliado a isso, os juros elevados e a recuperação econômica lenta geram incertezas para as famílias brasileiras, podendo impactar a retomada do crescimento.
Em relação à inadimplência, o percentual de famílias com dívidas em atraso manteve-se estável em 28,8%, evidenciando um cenário de estabilidade nos últimos meses. No entanto, o número de famílias sem condições de pagar as dívidas em atraso aumentou para 12,1%, sinalizando que as dificuldades financeiras persistem.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, ressalta que embora o endividamento esteja em queda, o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas ainda é elevado. O percentual médio de comprometimento da renda em agosto foi de 29,6%, demonstrando a necessidade de as famílias buscarem alternativas para manter suas finanças sob controle.
As projeções da CNC indicam que o endividamento pode voltar a subir no último trimestre do ano, acompanhado de um aumento gradual da inadimplência, que poderá atingir 29,5% até dezembro. Nas modalidades de crédito, o cartão de crédito continua sendo o principal vilão, com 85,7% de participação entre os devedores.
No contexto regional, o Rio Grande do Sul apresentou um aumento significativo no endividamento, atingindo 92,9% em agosto, sendo o estado mais endividado desde outubro de 2023. Com cerca de 39,1% das famílias com contas em atraso e 3,7% sem condições de quitá-las, o estado enfrenta um cenário desafiador em termos de endividamento.
Diante desse panorama, é fundamental que as famílias brasileiras adotem medidas de controle financeiro e busquem alternativas para lidar com as dívidas, mantendo a saúde econômica e evitando prejuízos a longo prazo. A análise desses dados reflete a importância do planejamento financeiro e da educação financeira para evitar maiores problemas relacionados ao endividamento e à inadimplência.