ECONOMIA – Intenção de Consumo das Famílias cai em setembro, refletindo piora na perspectiva profissional e no acesso ao crédito, aponta pesquisa.



A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma queda de 0,3% em setembro, conforme dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta segunda-feira (23). Segundo os pesquisadores responsáveis pela análise do indicador, esse resultado reflete uma piora na percepção sobre a perspectiva profissional, que teve um recuo de 0,4%, e sobre o acesso ao crédito, com uma queda de 1,3% no mês.

A pesquisa apontou que a redução mais expressiva foi observada entre as famílias de maior renda e o público masculino, onde as percepções sobre o mercado de trabalho e o consumo futuro se deterioraram. Apesar da queda, o indicador permaneceu em 103,1 pontos, ainda acima do nível de satisfação e no maior patamar desde março deste ano, quando atingiu 104,1 pontos.

Embora tenha havido um aumento de 0,4% na avaliação do emprego atual, indicando sinais de melhora, a desaceleração na criação de empregos e a incerteza econômica resultaram em uma retração de 0,4% na perspectiva profissional. De acordo com o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, as famílias continuam cautelosas diante desse cenário.

A pesquisa também revelou que o mercado de crédito foi impactado pela pressão inflacionária e pelas incertezas fiscais, tornando o crédito mais restrito. Isso levou a uma queda de 1,3% na satisfação com o acesso ao crédito. A Peic, outra pesquisa produzida pela CNC, mostrou um aumento no número de famílias com dificuldades para quitar suas dívidas em agosto, o que influenciou negativamente na intenção de compra de bens duráveis, que teve uma queda de 1%.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, destacou que o cenário desafiador para o crédito e o aumento da inadimplência tornaram o mercado menos acessível, principalmente para as famílias de renda mais alta. A pesquisa mostrou que a intenção de consumo das famílias com maior renda teve uma queda de 0,8%, enquanto nas de menor renda foi de 0,2%.

As mulheres se destacaram na intenção de consumo, com um avanço anual de 1,6%, enquanto os homens apresentaram uma retração de 0,3%. Esse movimento também foi observado na satisfação com o emprego atual, com um crescimento de 3,3% entre as mulheres e apenas 0,3% entre os homens. A perspectiva profissional também mostrou diferenças, com uma queda mais acentuada entre os homens (5,4%) em comparação com as mulheres (2,4%).

Em relação ao acesso ao crédito, as mulheres tiveram um aumento de 1,7% em setembro em comparação com o ano anterior, enquanto os homens tiveram uma queda de 0,2%. A CNC apontou que o aumento do número de homens com dificuldades para pagar suas dívidas pode ter influenciado nesse resultado, levando a uma queda de 4,2% na perspectiva de consumo entre os homens, em contraste com os 2,6% de queda entre as mulheres.

Portanto, o cenário econômico desafiador, com a redução da intenção de consumo e a maior restrição ao crédito, reflete a cautela das famílias diante das incertezas futuras e dos desafios do mercado de trabalho. A disparidade entre gêneros também foi evidenciada nesse contexto, com as mulheres apresentando uma postura mais otimista em relação ao consumo e ao emprego em comparação com os homens.

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