A primeira edição do Atlas, lançada em junho de 2022, revela um panorama alarmante: o Relatório do Estado da Segurança Alimentar no Mundo aponta um aumento de 150 milhões de pessoas passando fome desde o início da pandemia, equivalente a mais do que o dobro da população do Reino Unido. Os países do Cone Sul, apesar de possuírem abundantes recursos naturais e altos índices de desenvolvimento humano, encontram-se diante de um dilema: como garantir que esses recursos se traduzam em alimentação adequada para sua população?
O destaque do Atlas recai sobre a questão do agronegócio e sua falha em atender às demandas alimentares da região. Enquanto o Cone Sul se destaca pela produção excedente de alimentos agrícolas, paradoxalmente, milhões de pessoas sofrem diariamente com a falta de alimentos. A priorização da exportação em detrimento do abastecimento interno é um dos principais pontos levantados no estudo.
Além disso, é ressaltado o impacto socioambiental negativo gerado pelo modelo vigente, incluindo a degradação ambiental, o uso excessivo de agrotóxicos e o deslocamento de comunidades tradicionais. O desafio, portanto, é a busca por soluções que promovam a soberania alimentar, reconhecendo a importância da agricultura familiar e camponesa na garantia do acesso à alimentação de qualidade.
Diante desse contexto, o Atlas propõe a união de forças sociais em prol da defesa dos territórios, da construção da soberania alimentar e da promoção de um modelo agrícola mais sustentável e justo. A necessidade de políticas públicas que priorizem a produção e distribuição de alimentos saudáveis é evidenciada como um caminho para combater a fome e as desigualdades sociais na região.
Em suma, o Atlas dos Sistemas Alimentares do Cone Sul lança luz sobre a complexa relação entre produção de alimentos, distribuição de recursos e insegurança alimentar na região, ressaltando a importância de repensar o atual modelo agrícola em busca de uma alimentação mais justa e sustentável para todos.