ECONOMIA – EUA Investigam Brasil por “Práticas Comerciais Desleais” e Criticam o Pix como Alternativa ao Dólar em Transações Internacionais

Na última terça-feira, 15 de agosto, o governo dos Estados Unidos anunciou o início de uma investigação interna que visa examinar práticas comerciais do Brasil que são consideradas “desleais”. Dentre as várias questões discutidas, o sistema de pagamento instantâneo brasileiro, conhecido como Pix, se destaca como uma preocupação central. As críticas que emergem do governo americano não surgem do nada; elas se relacionam à crescente concorrência que o Pix representa em comparação com serviços estabelecidos como o WhatsApp Pay e algumas bandeiras de cartões de crédito do próprio país.

O anúncio foi formalizado por Jamieson Greer, representante de Comércio dos Estados Unidos, no documento intitulado “Investigação da Seção 301 sobre Práticas Comerciais Desleais no Brasil”. Embora o texto não mencione explicitamente o Pix, faz referência a “serviços de pagamento eletrônico do governo”, sugerindo uma preocupação com a forma como o sistema brasileiro foi estruturado.

A investigação levanta questionamentos sobre o papel do Banco Central do Brasil, que, supostamente, teria favorecido o Pix em detrimento do WhatsApp Pay, que pertence à Meta, empresa de Mark Zuckerberg. A grande ironia desse cenário é que, quando o WhatsApp tentou lançar sua funcionalidade de pagamentos no Brasil em junho de 2020, o Banco Central e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) rapidamente intervieram, decidindo suspender a função para evitar riscos e garantir que o funcionamento do sistema de pagamentos brasileiro não fosse comprometido.

A economista Cristina Helena Mello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, destacou que essa intervenção foi, na verdade, uma medida prudente. Ela argumenta que o WhatsApp estava a operar fora do sistema financeiro legal, o que poderia dificultar a supervisão necessária e potencialmente ferir regulamentações brasileiras.

Desde seu lançamento em novembro de 2020, o Pix já se consolidou como uma ferramenta essencial para as transações financeiras no Brasil, movimentando trilhões de reais e oferecendo inclusão financeira para diversas camadas da sociedade. Seu sucesso tem incomodado não apenas empresas americanas, mas também o governo dos EUA, especialmente à medida que o sistema começa a ser aceito em transações internacionais em países como Paraguai e Panamá. A economista Mello enfatiza que isso representa uma ameaça ao desejo dos EUA de manter o controle sobre sua moeda, o dólar.

Outro ponto de preocupação para o mercado americano é a introdução do “Pix Parcelado”, que permitirá a usuários brasileiros parcelar transações como um cartão de crédito, algo previsto para começar a funcionar em setembro de 2025. Essa nova funcionalidade poderia intensificar a competição com operadoras de cartão de crédito, levando a um cenário mais dinâmico.

Apesar das críticas, Mello defende o Pix como um sistema de pagamento eficiente e inclusivo, capaz de atender não apenas às classes mais favorecidas, mas também aos brasileiros de baixa renda, como pequenos comerciantes, pedreiros e até mesmo pessoas em situação de rua. Para ela, o Pix reflete o compromisso do Brasil em oferecer soluções inovadoras que atendam a uma necessidade crescente de inclusão financeira, beneficiando a sociedade como um todo.

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