A Pesquisa também revela que o nível de famílias que declararam ter dívidas a vencer em diversos tipos de crédito, como cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro ou de casa, também se manteve estável.
Apesar da estabilidade geral, a análise das faixas de renda demonstra um aumento de 0,3 ponto percentual de endividados entre os consumidores de renda mais baixa em comparação a setembro de 2022. Segundo a CNC, esse comportamento indica “desafios persistentes nesse segmento”. No entanto, essas famílias terão seus CPFs desnegativados a partir deste mês graças ao programa Desenrola, do governo federal.
A CNC destaca que o endividamento em si não é necessariamente um problema financeiro, a não ser que esteja associado à inadimplência, que também apresentou um aumento na faixa de renda mais baixa. Segundo a pesquisa, 38,6% desses consumidores admitiram ter dívidas atrasadas, representando um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao mês anterior. Esse percentual é o mesmo registrado em setembro do ano passado e é o mais alto desde novembro de 2022.
Outro dado alarmante é que 18,3% dos consumidores de renda mais baixa afirmam não ter condições de pagar suas dívidas de meses anteriores, o maior percentual da série histórica deste indicador.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que a estabilidade geral no endividamento das famílias é importante para a construção de um cenário econômico favorável, mas ele está preocupado com o aumento do índice nas faixas de renda mais baixa e com a tendência de aumento da inadimplência nesses grupos. Ele ressalta que os juros elevados do cartão de crédito continuam sendo um desafio, já que essa é a principal modalidade de endividamento do brasileiro e é essencial para o comércio e os serviços.
A pesquisa também revela que 86,2% dos endividados têm contas a pagar com o cartão de crédito, que ainda é a modalidade predominante. Os juros do rotativo do cartão atingiram níveis alarmantes, com a média de 445,7% ao ano, sendo a maior alta entre todas as modalidades de dívida. Além disso, os dados do Banco Central indicam um aumento na concessão de crédito no cartão em relação a agosto de 2022.
Apesar da estabilidade no uso do cartão de crédito entre os consumidores de renda média e alta, houve um aumento de 0,3 ponto percentual entre os consumidores de renda mais baixa. A CNC destaca que as mulheres optam por dívidas no consignado, que possuem taxas de juros mais baixas, e buscam alternativas fora das linhas de crédito tradicionais.
Embora os homens e as mulheres tenham conseguido diminuir o endividamento ao longo do ano, no mês em questão, a proporção de homens endividados teve um leve recuo, enquanto a das mulheres se manteve estável. Mais mulheres relataram ter dificuldades para quitar suas dívidas em comparação aos homens.
Dessa forma, a estabilidade geral no endividamento das famílias brasileiras é um fator positivo, porém é necessário um maior cuidado com o aumento do endividamento nas faixas de renda mais baixa e com o crescente índice de inadimplência. Além disso, os juros elevados do cartão de crédito continuam sendo um desafio para as famílias brasileiras, dificultando a quitação das dívidas.