De acordo com análises das entidades representativas, a medida beneficia apenas 80 itens das exportações brasileiras, tendo como destaque três tipos de suco de laranja e a castanha-do-pará, que passam a ter isenção total de tarifas. Entretanto, a grande maioria dos produtos brasileiros, como cafés não torrados, cortes de carne bovina, bem como frutas e hortaliças, continua sujeita à alta sobretaxa. Para as associações, este cenário exige um esforço diplomático intensivo por parte do Brasil, no intuito de eliminar as tarifas adicionais e possibilitar condições de competitividade mais justas no mercado norte-americano.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) analisa a suspensão da tarifa de 10% como um sinal positivo, mas insuficiente. Segundo a entidade, os itens beneficiados correspondem a aproximadamente US$ 4,6 bilhões em exportações no próximo ano, o que representa cerca de 11% do total exportado pelo Brasil para os Estados Unidos. A persistência da sobretaxa de 40% coloca os produtos brasileiros em desvantagem em comparação aos concorrentes internacionais que não enfrentam tais barreiras.
Ricardo Alban, presidente da CNI, enfatizou a importância de negociações ágeis para garantir uma competitividade mais favorável para os produtos brasileiros. Na mesma linha de pensamento, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) caracteriza a redução das tarifas como um avanço limitado, destacando a continuidade dos desafios enfrentados por produtos vitais da pauta de exportações do estado, como carnes e café.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) teve uma reação mais otimista, valorizando a recuperação da previsibilidade no comércio bilateral. A entidade destacou que a redução da tarifa global de 10% proporcionou uma queda na taxa sobre a carne bovina brasileira, de 76,4% para 66,4%, um passo significativo em relação aos 26,4% aplicados antes da era Trump.
Por outro lado, o setor cafeeiro permanece cauteloso, aguardando mais esclarecimentos sobre o impacto real da redução tarifária. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) expressou a necessidade de uma análise técnica mais detalhada, uma vez que o Brasil é responsável por metade da produção mundial de café arábica e fornece cerca de um terço dos grãos consumidos nos Estados Unidos. A competição acirrada com outros grandes exportadores, que conseguiram reduções tarifárias mais significativas, representa um desafio adicional. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou essa necessidade de intensificar esforços para melhorar a competitividade no setor cafeeiro.
Em síntese, embora o gesto americano de retirar a tarifa de 10% em certas categorias de produtos seja uma luz no fim do túnel, o caminho pela frente ainda requer diligência e negociações para a eliminação das barreiras comerciais que afetam a competitividade das exportações brasileiras.









