Segundo o Prêmio Nobel de Economia, a tributação dos super-ricos é fundamental para financiar a redistribuição de renda e promover a justiça econômica e social nas democracias. Ele ressaltou que é essencial que os governos tenham recursos adequados para prover políticas públicas, porém a disposição dos cidadãos mais abastados em contribuir voluntariamente para a sociedade é fraca. Assim, a taxação compulsória se faz necessária.
Stiglitz destacou que existem super-ricos que reconhecem e criticam os privilégios tributários, mas só aceitam pagar impostos se todos os outros também pagarem. Além disso, o economista ressaltou a importância de realizar uma reforma tributária no Brasil, que não apenas taxe a renda dos super-ricos, mas também reduza a tributação sobre o consumo.
De acordo com Stiglitz, essa reforma é crucial para financiar a transição para a produção de energia renovável e promover o desenvolvimento sustentável em um contexto de desaceleração econômica global. Ele frisou a necessidade de que essa reforma seja realizada rapidamente, pois a economia global não apresentará um contexto favorável nos próximos tempos.
O economista ressaltou que o Brasil está em uma posição mais favorável do que a maioria dos países emergentes, pois arrecada um pouco acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No entanto, essa arrecadação é mal distribuída e acaba prejudicando ainda mais os mais pobres. Stiglitz apontou que os super-ricos não estão pagando a parte justa da tributação e que o sistema tributário brasileiro é regressivo, beneficiando os mais abastados e penalizando os mais pobres.
O economista também destacou que a influência dos super-ricos na política é um dos principais obstáculos para a realização de uma reforma tributária mais justa. Ele explicou que o poder político está relacionado ao poder econômico dos mais ricos, e estes não desejam pagar sua parte da conta. Assim, usam seu dinheiro para influenciar o processo político e evitar serem tributados.
Stiglitz também alertou para a prática da elisão fiscal utilizada pelas grandes empresas dos super-ricos, que consiste em aproveitar brechas na legislação para pagar menos impostos ou até mesmo evitá-los. Ele mencionou exemplos como o deslocamento de mercadorias para países com tributação mais baixa e a mudança da sede de empresas para paraísos fiscais.
O economista concluiu destacando a necessidade de reformas globais no sistema tributário, dando voz aos países do sul global e buscando um acordo mais justo para todos. Ele ressaltou que o Brasil, como presidente do G20, tem a oportunidade de liderar esse debate e promover um processo mais transparente e favorável aos países menos favorecidos.
Em suma, a taxação dos super-ricos, aliada a uma reforma tributária mais justa, são medidas essenciais para combater as desigualdades no Brasil e promover o desenvolvimento econômico e social de forma mais equitativa.