Este déficit primário se posiciona como o quarto maior já registrado para o mês de junho, superado apenas por anos anteriores como 2023, 2021 e 2020. Vale destacar que o número veio acima das previsões do mercado, que esperavam um déficit de R$ 39,9 bilhões, conforme indicado por pesquisas regulares do Ministério da Fazenda. Com isso, o acumulado do ano também passou a ser negativo, refletindo um déficit primário de R$ 11,46 bilhões nos primeiros seis meses de 2025, embora essa cifra represente uma melhora em comparação ao déficit de R$ 67,373 bilhões no mesmo período do ano passado.
O conceito de déficit primário refere-se à diferença entre receitas e despesas do governo, desconsiderando os pagamentos de juros da dívida. A atual legislação fiscal estabelece uma meta de déficit primário zero, com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB, o que equivaleria a um limite inferior de até R$ 31 bilhões.
Além disso, o mês de julho reserva o pagamento de R$ 63 bilhões em precatórios, dívida proveniente de sentenças judiciais, um montante revisado para baixo em relação à previsão anterior de R$ 69 bilhões. Em 2024, o governo já havia antecipado esses pagamentos para fevereiro.
As receitas totais do governo em junho crescem em um ritmo inferior às despesas. Enquanto as receitas líquidas subiram 5,2%, as despesas totais aumentaram 7%, pressionadas principalmente pela Previdência Social e por outros benefícios sociais. Os gastos obrigatórios e com o funcionalismo público também apresentaram elevações significativas. Os investimentos, que abrangem obras públicas e aquisição de equipamentos, totalizaram R$ 28,725 bilhões nos primeiros seis meses do ano, representando uma redução de 14,4% em termos reais, refletindo dificuldades no fluxo de obras.
Esse panorama fiscal evidencia a complexidade enfrentada pelo governo, que busca equilibrar receitas e despesas em um ambiente econômico repleto de desafios.