Os dados foram divulgados pelo Banco Central e evidenciam o resultado negativo das contas públicas, que é obtido pela diferença entre despesas e receitas, excluindo o pagamento de juros da dívida pública. Contudo, é importante ressaltar que, mesmo com esse resultado desfavorável no mês, o acumulado do ano de 2025 mostra um superávit primário de R$ 22,029 bilhões, uma recuperação significativa se comparado ao resultado negativo de R$ 43,448 bilhões registrado no primeiro semestre do ano passado.
Parte dessa melhora é atribuída ao calendário de pagamentos de precatórios, ou seja, dívidas decorrentes de sentenças judiciais definitivas. O pagamento de R$ 63 bilhões em precatórios está previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano, em contraste com a antecipação dos pagamentos do ano anterior, que impactou negativamente o desempenho fiscal.
Em uma análise mais ampla, nos últimos 12 meses, as contas públicas acumularam um resultado positivo de R$ 17,925 bilhões, representando 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2024, o déficit primário foi de R$ 47,553 bilhões, equivalente a 0,4% do PIB, demonstrando um cenário desafiador persistentemente na gestão fiscal.
Analisando as esferas de governo, o Governo Central enfrentou um déficit primário de R$ 43,527 bilhões em junho, em comparação com um resultado negativo de R$ 40,188 bilhões no ano passado. Essa deterioração nas contas se deu, em parte, pela estabilidade das receitas e pelo aumento de 1,6% nas despesas. Por outro lado, os governos estaduais tiveram um déficit de R$ 1,354 bilhão, revertendo o superávit de R$ 2,011 bilhões registrado em junho do ano passado. Os municípios, no entanto, conseguiram um resultado positivo, com um superávit de R$ 400 milhões no mesmo mês.
O cenário fiscal é ainda mais impactado pela atuação das empresas estatais, que registraram um déficit de R$ 2,610 bilhões, um aumento em relação ao resultado negativo de R$ 1,742 bilhão do ano anterior.
Em relação aos gastos com juros, houve uma queda significativa, alcançando R$ 61,016 bilhões, uma redução em torno de R$ 30 bilhões em comparação ao mesmo mês de 2024. Este resultado pode ser explicado por operações do Banco Central no mercado de câmbio, que contribuíram para melhorar a conta de juros em junho.
A dívida líquida do setor público chegou a R$ 7,702 trilhões, representando 62,9% do PIB, o maior valor desde 2001. O crescimento deve-se ao déficit nominal e à apreciação cambial. A dívida bruta do governo geral alcançou R$ 9,388 trilhões, equivalendo a 76,6% do PIB, refletindo preocupações na avaliação internacional sobre a sustentabilidade fiscal do país. A complexidade desse cenário exigirá uma análise cuidadosa e ações decisivas por parte das autoridades competentes para promover a recuperação econômica e fiscal desejada.