A última vez em que o ICF esteve no campo positivo foi em abril de 2015, com 102,9 pontos. Desde janeiro de 2022, o indicador tem apresentado altas mensais constantes. Segundo a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa, a queda recente da inflação e a dinâmica favorável no mercado de trabalho são fatores que explicam o aumento da intenção de compra dos brasileiros. Cerca de 42,5% dos entrevistados afirmaram estar mais seguros no emprego em comparação ao ano passado, o maior percentual desde março de 2015.
A analista da CNC ressalta que esse aumento na segurança no emprego se deve ao aumento das contratações formais, mesmo que em menor intensidade em relação ao início do ano. Além disso, a melhora na percepção da renda atual também tem influenciado positivamente a intenção de consumo nos últimos meses.
O levantamento da CNC ouviu 18 mil consumidores e constatou que seis dos sete quesitos que compõem o ICF apresentaram queda em agosto. No entanto, no acumulado do ano, todos os quesitos tiveram melhora.
Um ponto de preocupação apontado pela pesquisa é o endividamento ainda em níveis elevados, o que limita a capacidade de consumo. A CNC destaca que 40 em cada 100 consumidores afirmam estar comprando menos do que há um ano. Diante desse cenário, as vendas no varejo têm enfrentado dificuldades para manter um crescimento uniforme entre todos os segmentos.
Em relação ao crédito, o estudo da CNC destaca que o custo do crédito tem apresentado uma suavização no país. As taxas de juros médias em todas as modalidades de crédito com recursos livres caíram para 59,1% em junho, o que representa uma redução de 0,8 ponto percentual em relação a maio. Essa foi a primeira redução desde dezembro de 2022.
Esse comportamento do crédito foi refletido no ICF, com a queda de 41,5% para 36,9% na proporção de consumidores que afirmam estar mais difícil conseguir crédito nos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo, o índice dos consumidores que consideram o acesso a empréstimos mais fácil subiu 4 pontos percentuais, alcançando 28,5%, o maior nível desde maio de 2020.
A CNC acredita que a redução dos juros e da inadimplência esperada para os próximos meses vai melhorar o acesso ao crédito. A analista Izis Ferreira ressalta que, com os programas de renegociação de dívidas e a redução contínua dos juros, é esperado que ocorra uma melhora no cenário de inadimplência e endividamento, o que irá proporcionar melhores condições de consumo através do crédito. A tendência é que o indicador de acesso ao crédito melhore até o final do ano e que a intenção de consumo continue crescendo.
Outro levantamento realizado pela CNC, a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no início de agosto, mostrou uma queda no nível de endividamento das famílias brasileiras, o primeiro recuo em sete meses. Esses dados também indicam uma melhora no cenário econômico do país.