Os resultados dessas negociações, conduzidas pelos “sherpas” – representantes designados de cada país – serão apresentados às lideranças políticas do grupo, com a expectativa de que se traduzam em declarações concretas. O Brasil, anfitrião do evento, pretende acabar com a predominância de agendas geopolíticas para priorizar questões como erradicação da pobreza, segurança alimentar e fortalecimento dos sistemas de saúde. “Este é um esforço para reposicionar esses assuntos no centro da agenda do Brics. Temos essa oportunidade na presidência, assim como fizemos no G20, ao lançar iniciativas para o combate à fome e à pobreza”, destacou o embaixador Maurício Lyrio, sherpa brasileiro responsável por coordenar as discussões.
Além dos tópicos já mencionados, a reunião também tratou de questões como a institucionalização do grupo, a nova estrutura de presidência rotativa e a inclusão de países parceiros. Com a recente adesão do Vietnã, o Brics agora conta com dez países nessa nova categoria.
As deliberações sobre mudanças climáticas incluíram um foco notável no financiamento destinado a políticas ambientais. Os países do Sul Global, representados no Brics, enfatizaram que as nações mais ricas, responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa, devem colaborar facilitando recursos para que os estados em desenvolvimento possam realizar sua transição rumo à sustentabilidade. Para o Brasil, ações robustas contra a mudança climática são especialmente urgentes, tendo em vista que será o país-sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), programada para novembro em Belém.
A reunião dos sherpas nesta semana marca o encerramento de um ciclo de negociações que já se estendeu ao longo do primeiro semestre, incluindo encontros em fevereiro e abril, onde foram tratados outros temas relevantes, incluindo uma Parceria Estratégica na Área Econômica e a proposta de que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) desempenhe um papel central no financiamento da industrialização do Sul Global.