ECONOMIA – Crescimento de Trabalho por Aplicativos Atinge 25,4% em 2024, Com 335 Mil Novos Empregos no Brasil

Em 2024, observou-se um crescimento significativo no setor de trabalho mediado por aplicativos, com um aumento de 25,4% em relação a 2022. O total de trabalhadores nessa modalidade subiu de 1,3 milhão para cerca de 1,7 milhão, ou seja, um acréscimo de 335 mil pessoas. Esse crescimento não apenas reflete uma mudança nas dinâmicas laborais, mas também destaca uma maior participação desses trabalhadores no cenário da população ocupada com 14 anos ou mais.

Em valores percentuais, os trabalhadores que atuam por aplicativos passaram de 1,5% do total de 85,6 milhões de ocupados em 2022 para 1,9% de 88,5 milhões em 2024. Esses dados são parte do módulo sobre trabalho por plataformas digitais, coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O analista Gustavo Fontes, responsável pela pesquisa, sugere que esse crescimento está relacionado tanto ao aumento da renda proveniente dessa forma de trabalho quanto à flexibilidade que estes empregos proporcionam. A liberdade para escolher horários, dias e locais de trabalho se mostra atrativa para muitos.

O levantamento revelou que a maioria dos trabalhadores por aplicativo está concentrada em quatro categorias principais. Os aplicativos de transporte particular respondem por 53,1% dessas atividades, seguidos por serviços de entrega (29,3%), aplicativos de prestação de serviços gerais (17,8%) e táxis (13,8%). Aqui, é importante mencionar que a categoria de serviços profissionais, que englobam atividades como design e telemedicina, está presente, refletindo a diversidade de serviços disponíveis na economia digital.

Entretanto, a pesquisa também trouxe à tona preocupações sobre a informalidade no setor. Enquanto 44,3% da população ocupada no Brasil é considerada informal, essa taxa sobem para alarmantes 71,1% entre os trabalhadores plataformas digitais. A grande maioria, 86,1%, trabalha por conta própria, o que traz à luz questões de segurança e direitos trabalhistas.

O perfil do trabalhador “plataformizado” também merece destaque: 83,9% são homens, o que revela uma disparidade significativa em comparação com a população ocupada em geral, onde a proporção de homens é de 58,8%. A predominância masculina é atribuída, em grande parte, à natureza das ocupações mais comuns, que envolvem transporte e entrega, áreas em que a presença masculina é mais acentuada.

Em termos de faixa etária, a pesquisa indicou que a maior parte dos trabalhadores por aplicativo, 47,3%, tem entre 25 e 39 anos, enquanto 36,2% estão na faixa de 40 a 59 anos. A escolaridade dos trabalhadores também foi investigada, revelando que 59,3% têm ensino médio completo e superior incompleto.

Regionalmente, mais da metade dos trabalhadores por aplicativo, 53,7%, reside na região Sudeste do Brasil, que é a única área onde a participação desse grupo na população ocupada supera a média nacional. O IBGE ressaltou que a coleta de dados foi feita no terceiro trimestre de 2024 como parte de uma colaboração com a Universidade Estadual de Campinas e o Ministério Público do Trabalho.

Por fim, o debate sobre direitos trabalhistas nesse setor está em evidência, com um processo no Supremo Tribunal Federal que discute o vínculo empregatício entre motoristas e plataformas digitais. Esse é um tema que ganhou bastante relevância, já que trabalhadores alegam precarização de suas condições, enquanto as empresas defendem a inexistência de vínculos trabalhistas formais. A expectativa é que esse assunto seja deliberado nos próximos meses, trazendo possíveis implicações significativas para o futuro do trabalho mediado por aplicativos no Brasil.

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