No entanto, é surpreendente que o aumento tenha sido mais expressivo em ocupações que não demandam esse nível de escolaridade. Por exemplo, o percentual de pessoas com nível superior trabalhando como balconistas ou vendedores de loja teve um aumento de 22%, enquanto o número de profissionais de nível médio de enfermagem com ensino superior completo cresceu 45%.
O aumento no número de trabalhadores com ensino médio completo também foi registrado, com um crescimento de 7,1%, e o número total de ocupados aumentou 4%. O Dieese destaca que esse aumento acompanhou a ampliação da escolaridade da sociedade brasileira como um todo.
Outro dado que chama atenção é o crescimento de 14,9% no número de pessoas em idade ativa com ensino superior completo, o que equivale a cerca de 3,7 milhões a mais de pessoas com essa qualificação. Esse fenômeno é reflexo da ampliação das universidades públicas e de programas de acesso e financiamento às universidades privadas.
No entanto, mesmo com o aumento da escolarização, o rendimento médio caiu 0,5% para o total de ocupados. Para aqueles com ensino médio completo, a queda foi de 2,5%, e para os com ensino superior completo, de 8,7%. Isso demonstra a dificuldade enfrentada por pessoas com diploma de nível superior para encontrar trabalho compatível com sua escolaridade, devido aos problemas estruturais da economia brasileira.
O Dieese ressalta que esses dados não devem desencorajar pessoas de famílias de baixa renda a cursarem o ensino superior, mas sim servir como base para a discussão sobre a necessidade de dinamizar a economia brasileira para gerar postos de trabalho mais complexos. Além disso, a instituição destaca a importância de políticas públicas de financiamento para o acesso de pessoas de baixa renda às universidades.