ECONOMIA – Conflito no setor automotivo: BYD desafia montadoras tradicionais enquanto governo brasileiro analisa tarifas de importação de veículos elétricos.

Nos últimos tempos, o mercado automotivo brasileiro tem sido palco de uma intensa disputa entre grandes montadoras, impulsionada pela crescente presença da fabricante chinesa BYD no país. De um lado, empresas consagradas como Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis, representadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea); do outro, a emergente BYD, que busca expandir sua atuação no Brasil.

Recentemente, as montadoras tradicionais dirigiram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alertando sobre os riscos que um possível acolhimento do pedido da BYD para a redução temporária da tarifa de importação de veículos elétricos e híbridos poderia representar. Na visão dessas empresas, essa medida ameaçaria tanto os investimentos quanto os empregos no setor, uma vez que a importação de veículos e peças poderia se consolidar a ponto de reduzir a produção nacional.

A missiva destaca o compromisso da indústria automotiva, que planeja injetar R$ 180 bilhões nos próximos anos no fortalecimento da produção local. Segundo a Anfavea, a aceitação do pleito da BYD poderia comprometer esse ciclo virtuoso, prejudicando a competitividade do setor nacional.

Em resposta, a BYD rebateu as críticas, afirmando que a resistência das montadoras tradicionais se trata de uma reação negativa à inovação e à abertura do mercado. A fabricante destacou que o que elas chamam de “prática desleal” é, na verdade, uma legítima concorrência que visa beneficiar o consumidor brasileiro com preços mais acessíveis e a inclusão de tecnologia mais avançada.

Além disso, a BYD ressaltou que a redução tarifária seria temporária, permitindo que a empresa desenvolvesse sua produção local sem desconsiderar as necessidades do mercado. O pedido da montadora chinesa surge em um momento crucial, em que o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) discute os pleitos de todas as partes envolvidas.

Enquanto a Anfavea busca antecipar para 2026 a elevação das tarifas de importação que estavam programadas para 2028, a BYD solicita a redução temporária das tarifas, argumentando que a tributação sobre veículos montados em solo brasileiro não deveria ser igual àquela aplicada aos veículos totalmente importados. Segundo a empresa, essa lógica de tributação já foi adotada por outras montadoras antes de estabelecê-las de forma completa no Brasil.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que o governo está avaliando a possibilidade de um meio-termo que beneficie ambas as partes. O atual cenário indica que a competição no setor automotivo brasileiro tende a se intensificar, com desafios e oportunidades colocados em xeque, enquanto o Brasil busca equilibrar incentivos à produção local e a importação de tecnologias inovadoras.

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