Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e embaixadora do Brasil, está à frente das negociações na Trilha de Finanças do G20. Durante uma coletiva na terça-feira (23), Rosito relatou que os esforços estão centrados em buscar consenso para a inclusão do tema na declaração oficial que será submetida às autoridades no fim da semana.
Segundo Rosito, além da declaração exclusiva sobre cooperação tributária internacional e taxação das grandes fortunas, estão previstas outras duas declarações: uma abordando a atuação de bancos multilaterais e questões como arquitetura financeira internacional, fluxos de capitais e clima, e outra com uma “linguagem geopolítica”. A embaixadora destacou que, embora algumas questões ainda não tenham sido completamente acordadas, as conversas “estão indo bem”.
A proposta de taxação das grandes fortunas, que conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda Fernando Haddad, é vista como um avanço crucial. “Será uma declaração inédita. Todos os termos levantados pela presidência brasileira estão dentro do documento, incluindo a tributação dos super-ricos. Os pontos estão bem avançados”, afirmou Rosito.
Em um contexto mais amplo, a presidência brasileira tem se empenhado em emitir declarações separadas sobre temas geopolíticos, a fim de evitar que divergências políticas impeçam a emissão de declarações consensuais. Exemplo disso é a estratégia adotada com a Trilha de Sherpas, onde questões como as guerras em Gaza e entre Rússia e Ucrânia são abordadas em um comunicado separado.
Outro ponto notável das negociações em curso é o envolvimento inédito de grupos de engajamento e organizações da sociedade civil, que puderam apresentar suas demandas diretamente aos representantes ministeriais e de bancos centrais. Rosito descreveu essa experiência como “muito positiva”, destacando a convergência de muitas das reivindicações apresentadas, embora algumas sejam ambiciosas.
Os encontros e negociações liderados pelo Brasil deverão influenciar as decisões que serão tomadas na reunião de cúpula do G20 em novembro. O grupo é formado por 19 países membros e dois órgãos regionais e detém uma influência significativa na economia global, representando cerca de 85% da economia mundial e mais de 75% do comércio global.
A presidência brasileira do G20 culminará na reunião de cúpula em novembro, quando a África do Sul assumirá a liderança do grupo. As resoluções tomadas até lá poderão marcar um passo significativo na busca por uma cooperação tributária internacional mais justa e eficiente.