Durante sua participação no evento “Emirados Árabes Unidos COP28-G20 Brasil Finance Track”, realizado no Rio de Janeiro, Haddad expressou confiança na sabedoria coletiva e na determinação global para construir um futuro mais sustentável. Ele enfatizou que o compromisso dos países árabes em enfrentar a crise climática é crucial, especialmente em tempos de crescentes desastres ambientais, como as inundações recentes no Rio Grande do Sul.
Haddad ressaltou a urgência de um esforço global coordenado, mencionando que mais de um terço da economia mundial está exposta a riscos físicos relacionados às mudanças climáticas. Ele alertou que, sem ações decisivas para manter o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius, até 2050, cerca de 4,4% do PIB mundial poderão ser perdidos anualmente. As deliberações e ações tomadas em fóruns como o G20 e a COP terão impacto global e definirão o legado para futuras gerações.
No evento, o ministro destacou a importância de mobilizar financiamento maciço para enfrentar os desafios climáticos e promover o desenvolvimento sustentável. Ressaltou que, no Brasil, significativos passos foram dados para integrar a sustentabilidade na agenda econômica, através do plano de transformação ecológica. Esse plano visa transitar a economia brasileira para um futuro de baixo carbono, inclusivo e resiliente, alinhando-se com o Acordo de Paris e os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.
No entanto, Haddad reconheceu que os esforços nacionais são insuficientes frente ao desafio global da mudança climática. Ele defendeu a colaboração internacional e a necessidade de explorar soluções inovadoras para o financiamento sustentável. Segundo ele, desbloquear o potencial do capital público e privado é essencial para facilitar a transição para uma economia global resiliente.
Haddad citou a importância de fortalecer as instituições financeiras de desenvolvimento, que desempenham papel crucial na mobilização de recursos e assistência técnica para investimentos sustentáveis. Além disso, ele enfatizou a necessidade de criar um ambiente favorável ao investimento privado em tecnologias verdes e infraestrutura sustentável, através de instrumentos financeiros inovadores como títulos verdes.
O plano de reformas dos bancos multilaterais de desenvolvimento e a agenda de facilitação de acesso a fundos multilaterais ambientais e climáticos são prioridades brasileiras na presidência do G20. Essas ações podem transformar a arquitetura financeira global, aumentando a disponibilidade de capital concessional para a transição energética, alinhando-se com o quadro de finanças globais climáticas lançado na COP 28.
O ministro também destacou iniciativas como o Eco Invest Brasil, que visam criar condições estruturais para a atração de investimentos privados externos necessários à transformação ecológica nacional. Essa iniciativa busca adotar conceitos inovadores e boas práticas financeiras, incluindo critérios climáticos, ambientais, sociais e de governança.
Haddad finalizou afirmando que o acesso ao financiamento climático é um desafio significativo para muitos países em desenvolvimento. Ele sublinhou a importância de apoiar esses países no planejamento e implementação de projetos climáticos eficazes, direcionando o financiamento para onde é mais necessário. Transparência e responsabilidade nos fluxos de financiamento climático são essenciais para construir confiança e eficiência na aplicação dos recursos.
Dados da Agência Internacional de Energia indicam que o fluxo de financiamento climático global ainda é majoritariamente direcionado aos países desenvolvidos e à China, enquanto as economias emergentes e os países menos desenvolvidos recebem uma parcela significativamente menor. Transparência nos recursos climáticos e medidas de impacto são cruciais para a construção de confiança e eficiência na aplicação dos recursos.
Em conclusão, o ministro destacou que a transformação em direção a uma economia verde oferece oportunidades significativas para o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade ambiental, tornando a transição energética uma fonte de convergência econômica.