Banco Central aprova aumento de capital para instituições do Grupo Master em meio a revisão regulatória
Na última segunda-feira, o Banco Central (BC) autorizou um expressivo aumento de capital de R$ 840 milhões para duas instituições que são parte do Grupo Master. Esta decisão surge apenas um mês após a rejeição da proposta de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). O movimento é emblemático em um contexto de forte revisão das regulamentações que envolvem o setor financeiro nacional, que vem passando por mudanças significativas nos últimos anos.
O Banco Master Múltiplo se beneficiará de R$ 420 milhões desse aporte, enquanto a Will Financeira, braço digital do grupo, terá acesso a R$ 419 milhões. Com isso, o capital social do Banco Master será elevado para R$ 1,586 bilhão, enquanto o da Will Financeira chegará a R$ 789 milhões, fortalecendo a posição do grupo diante das incertezas do mercado.
O aumento de capital ocorre em um momento conturbado, já que há um mês o BC havia barrado a aquisição do Banco Master pelo BRB, uma operação planejada de R$ 2 bilhões. A proposta envolvia a aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais do banco, o que, na prática, conferiria ao BRB o controle de 58% do capital total da instituição. Essa transação foi considerada irregular, culminando na análise e contestações por parte do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que levantou preocupações sobre a legitimidade do processo.
Essa rejeição acentuou as discussões em torno do Banco Master, o qual, devido à sua estratégia de captação de recursos, provocou desconfiança no mercado. Conhecido por oferecer rendimentos significativamente superiores ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), em alguns casos até 140%, suas práticas levaram à abertura de investigações tanto pelo MPDFT quanto pelo Ministério Público Federal (MPF) e provocaram o fortalecimento das normas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em maio, uma liminar do Tribunal de Justiça do Distrito Federal chegou a suspender a compra do Banco Master, mas essa decisão foi rapidamente revogada. Durante o mês de agosto, o CMN implementou novas diretrizes para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), introduzindo limites à alavancagem e aumentando as contribuições para bancos que operam em condições de maior risco. As mudanças, que entrarão em vigor em junho de 2026, visam mitigar o que é denominado “risco moral”, caracterizado pelo excesso de riscos assumidos por instituições financeiras que se apoiam na proteção do FGC.
Apesar das dificuldades e do cenário adverso, o Grupo Master continuou firme em sua estratégia de reforço patrimonial. Até o momento, os novos aumentos de capital somados totalizam R$ 2,84 bilhões em 2025, incluindo dois aumentos anteriores de R$ 1 bilhão cada. A Will Financeira, cuja operação digital está listada como um ativo à venda, permanece sob vigilância. A decisão do Banco Central representa uma tentativa de estabilizar a situação financeira do conglomerado, buscando preservar sua liquidez após um período de intensa pressão regulatória e incertezas. Embora a aquisição pelo BRB tenha sido bloqueada, a autorização do aumento de capital sugere que o Grupo Master poderá continuar suas operações, respeitando as novas normas mais rigorosas impostas pelas autoridades financeiras.