Dourados, em Mato Grosso do Sul, torna-se a primeira cidade do mundo a iniciar vacinação em massa contra a dengue em parceria com a Takeda.

Dourados, em Mato Grosso do Sul, entrou para a história nesta quarta-feira, 3, ao se tornar a primeira cidade do mundo a iniciar um processo de vacinação em massa contra a dengue. A parceria com a farmacêutica Takeda foi fundamental para que esse marco fosse alcançado. O Brasil, por sua vez, só prevê adotar a vacina no mês que vem como parte do calendário nacional, atingindo cerca de 3,1 milhões de pessoas neste primeiro ano da campanha.

A decisão de iniciar a vacinação em massa em Dourados acontece após a morte de vários pacientes por dengue na cidade, incluindo Julio Cesar da Costa, de 15 anos, que faleceu em 2023. Sua mãe, Francisleine Costa, foi a primeira a receber a vacina e se mostrou otimista com o início da campanha: “Estou contente por Dourados ser a primeira cidade a prestar esse serviço ao público. Espero que todos se vacinem para que não passem pela mesma dor que eu.”

A prefeitura local anunciou que a procura pela vacina foi alta no primeiro dia de imunização, com um total de 90 mil doses do imunizante Qdenga. A Takeda garantiu o fornecimento de 150 mil doses, quantidade suficiente para atender a todos os habitantes de Dourados entre 4 e 59 anos. Essa imunização em massa faz parte de um projeto da farmacêutica em parceria com o pesquisador Julio Croda, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Julio Croda destacou a importância desse projeto ao afirmar que “é um quantitativo de 300 mil doses disponíveis que vence em agosto deste ano e serão utilizadas para esse estudo, o primeiro do tipo para essa vacina a nível mundial”. A Takeda, por sua vez, ressaltou que a iniciativa teve início antes mesmo da compra de doses pelo governo federal.

Os números da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a incidência de casos de dengue em 2023 revelam uma alta preocupante. O Brasil registrou 2,9 milhões de casos, mais da metade dos mais de 5 milhões registrados mundialmente. A OMS alertou que a dengue também se espalhou para países onde historicamente não circulava, como França, Itália e Espanha. O aumento da temperatura mundial devido à crise climática tem permitido que o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, sobreviva em ambientes onde antes isso não ocorria, resultando em maior reprodução e propagação da doença.

Além disso, a OMS alertou para o fato de que o fenômeno El Niño, que está atingindo seu auge, está acentuando os efeitos do aquecimento global das temperaturas e das alterações climáticas, fazendo com que ondas de calor inéditas persistam até maio ou junho. O Ministério da Saúde do Brasil já projeta um aumento de casos da doença neste ano, o que motivou a decisão de adotar a aplicação da vacina de forma geral, algo também inédito no mundo.

Por fim, os dados da OMS ressaltaram o número de casos graves da dengue: 5 mil pessoas morreram pela doença em todo o mundo, sendo 1.474 casos no Brasil. A versão hemorrágica, que pode levar à morte, representou 0,05% do total de registros. Essa realidade evidencia a urgência de medidas efetivas de combate à dengue, como a iniciativa de vacinação em massa em Dourados.

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