Dólar supera R$ 5,70 e fecha em alta, pressionado por tensões comerciais e temores fiscais na semana marcada por incertezas políticas e econômicas.



Nesta sexta-feira, 30, o dólar experimentou um aumento significativo, superando a barreira dos R$ 5,70 em meio a um cenário global de aversão ao risco. O desempenho da moeda americana foi impulsionado por preocupações renovadas em torno da guerra comercial, especialmente após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusar a China de não cumprir um acordo de suspensão tarifária negociado dias antes. Essa situação trouxe à tona temores de um endurecimento nas relações comerciais entre as duas potências econômicas.

O real, já fragilizado pela desvalorização de outras moedas emergentes, também viu seu valor impactado por fatores técnicos, como a formação da última taxa PTAX de maio e a rolagem de posições no mercado futuro. Para complicar ainda mais a situação, a recente decisão do governo Lula de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) provocou uma onda de descontentamento no setor produtivo e na política, contribuindo para um clima de cautela entre os investidores e reduzindo o apetite por ativos brasileiros.

Durante a manhã, o dólar alcançou a cotação de R$ 5,7405 e, ao final do dia, fechou em R$ 5,7195, o que representa uma alta de 0,93% e marca o maior fechamento desde o início de maio. Com um acréscimo de 1,28% na semana e 0,76% no mês, a moeda americana também diminui as perdas acumuladas no ano, que agora são de 7,45%.

No cenário internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, teve leve alta, posicionando-se em torno dos 99,380 pontos. Entre moedas emergentes, destacaram-se as perdas do rand sul-africano e do peso chileno, com o real seguindo uma tendência de desvalorização.

Economistas ressaltam que, apesar de os dados econômicos divulgados nos EUA indicarem estabilidade, o verdadeiro motor por trás da alta do dólar foi a intensificação da guerra comercial. Uma economista-chefe de uma corretora local destacou que, embora o real não seja a moeda mais fraca do momento, enfrenta desafios significativos. As incertezas fiscais, alimentadas pela discussão sobre o IOF, aumentam a percepção de risco entre os investidores.

No fim do dia, Trump reiterou suas acusações contra a China, mas expressou otimismo em resolver as disputas com o líder chinês, Xi Jinping. O cenário delineado pelos especialistas sugere um futuro cauteloso para o real, especialmente no segundo semestre, quando a entrada de dólares relacionados às exportações agrícolas tende a diminuir. Além disso, a análise dos mercados nos EUA indica que, embora haja expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve, a incerteza política e econômica pode limitar essa ação. A tensão contínua sobre tarifas e a inflação trazem um cenário de vigilância e expectativa no ambiente financeiro global.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo