A formação do câmbio foi influenciada pelo exterior ao longo do dia, principalmente pela divulgação do relatório de emprego nos EUA. Pela manhã, o payroll apresentou a criação de 336 mil vagas de trabalho em setembro, um número muito superior à mediana das projeções. Isso impulsionou uma valorização do dólar e das taxas dos Treasuries.
Com o mercado de trabalho nos EUA apertado, há uma expectativa de que o Federal Reserve possa aumentar a taxa básica de juros ainda este ano. Além disso, a perspectiva de juros mais elevados por um período prolongado também ganhou força. No cenário internacional, o dólar teve um bom desempenho em relação a seis moedas fortes, com um índice DXY que chegou a atingir pontos próximos a 107. As moedas emergentes e de países exportadores de commodities sofreram desvalorização.
No entanto, no fim da manhã, houve uma mudança de cenário. As bolsas de valores em Nova York começaram a subir e o dólar começou a cair em relação ao euro e às moedas emergentes. Esse movimento se intensificou ao longo da tarde, refletindo no mercado brasileiro e levando o dólar a atingir o valor mínimo de R$5,1467. Esse alívio foi atribuído a ajustes técnicos e ao fato de que os ativos de risco já haviam se depreciado bastante ao longo da semana.
Apesar desse alívio no fim do dia, tanto o real quanto as principais moedas latino-americanas tiveram uma desvalorização significativa no início de outubro, devolvendo parte dos ganhos acumulados no ano. O peso colombiano teve a maior perda semanal, seguido pelo peso mexicano.
Para o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, essa queda nos ativos de risco representa uma correção após um período de otimismo excessivo no primeiro semestre do ano. Ele ressalta que os bancos centrais dos EUA e da Europa têm indicado a necessidade de aumentar os juros ou mantê-los elevados para controlar a inflação, o que indica uma desaceleração na atividade econômica. Além disso, há também preocupações com o crescimento mais lento da China.
Padovani trabalha com a perspectiva de um dólar forte no mundo, principalmente devido ao desempenho econômico dos EUA em relação a outros países desenvolvidos. Ele acredita que a taxa de câmbio pode chegar a R$5,30 até o final do ano. Além dos fatores externos, o real também perde força devido à redução da taxa Selic pelo Banco Central e às questões fiscais ainda não resolvidas, o que aumenta o prêmio de risco.