Além dos fatores externos, no cenário nacional, diversos elementos contribuíram para o comportamento do câmbio. Operadores destacaram questões técnicas, como a rolagem de contratos cambiais futuros, e também remessas ao exterior de lucros e dividendos de investimentos no país. A desaceleração da inflação, evidenciada pelo IPCA-15 de dezembro, aliviou parte da pressão sobre os juros no curto prazo, embora a leitura qualitativa do índice continue sendo desfavorável.
Um dos pontos que chamou a atenção foi a taxa de desemprego, que registrou o menor nível em 12 anos, indicando um mercado de trabalho aquecido. Isso reforça a necessidade de o Banco Central adotar medidas firmes para atingir a meta de inflação. No entanto, a perspectiva de juros mais altos no Brasil não foi suficiente para impulsionar o real, uma vez que os investidores estão atentos aos riscos fiscais, especialmente diante da possível interferência da crise das emendas no andamento da agenda econômica no Congresso.
Após atingir sua máxima e apresentar uma valorização nos primeiros minutos do pregão, o dólar teve uma leve queda e posteriormente voltou a subir, encerrando o dia com um aumento de 0,22%. Especialistas ressaltam que a ausência de intervenção do BC tem aproximado o desempenho do real ao de outras moedas emergentes. O cenário político nos Estados Unidos, com a posse iminente de Donald Trump, também influencia a conjuntura global, assim como a incerteza fiscal no Brasil, que mantém os investidores cautelosos.
Diante desse contexto, analistas acreditam que o mercado não vislumbra uma recuperação consistente do real, considerando a perspectiva de aumento da dívida pública e a possibilidade de maior intervenção do BC no mercado cambial. A incerteza fiscal, a dominância fiscal e a dificuldade de aprovar medidas fiscais são fatores que mantêm o dólar pressionado e sem um cenário claro de valorização da moeda brasileira.