Na Nova Caledônia, território francês no Pacífico, os protestos dos independentistas contra uma reforma do censo eleitoral resultaram em duas mortes e centenas de feridos, de acordo com autoridades locais. Os distúrbios tiveram início na segunda-feira e se intensificaram nas últimas noites, levando à intervenção do Alto Comissário, representante do Estado francês, Louis le Franc.
As circunstâncias das mortes não foram divulgadas, mas o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, confirmou que entre os feridos estão vários policiais e agentes de segurança. Os protestos surgiram após a Assembleia Nacional francesa debater uma reforma do censo eleitoral, aprovada na madrugada de quarta-feira, que visa ampliar a participação nas eleições provinciais do arquipélago, atualmente restrita a eleitores registrados em 1998 e seus descendentes.
A violência das manifestações levou as autoridades locais a decretarem toque de recolher, proibindo reuniões públicas, fechando escolas e o aeroporto principal. Incêndios, saques e confrontos com a polícia foram registrados, resultando em 140 detenções somente na região de Noumea.
O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou os distúrbios e pediu calma, indicando que a reforma constitucional deverá ser submetida à votação das duas câmaras parlamentares. Contudo, a oposição de direita pleiteia que seja decretado estado de emergência diante da gravidade da situação.
A Nova Caledônia, localizada a 1.200 quilômetros da costa da Austrália, é uma das muitas possessões ultramarinas da França e tem um histórico de movimentos independentistas. O acordo de Noumea de 1998 concedeu mais autonomia ao território e previu a realização de referendos sobre a independência, todos rejeitados até o momento pelos eleitores.
Os protestos atuais refletem o impasse político e social na Nova Caledônia, com os independentistas temendo a perda de influência política diante da ampliação do censo eleitoral. Enquanto o líder do partido pró-independência condena os atos de violência, ele ressalta a determinação dos jovens em resistir ao controle francês.
A situação permanece tensa na região, enquanto o governo francês busca soluções para acalmar os ânimos e encontrar uma saída para a crise política e social na Nova Caledônia.