DIREITOS HUMANOS – Vítimas de abusos sexuais denunciam violações em unidades socioeducativas: relatório mostra realidade chocante e pede mudanças urgentes.

Monalisa Teixeira, aos 35 anos, revelou em uma apresentação nesta quarta-feira que foi vítima de abusos sexuais durante sua internação em uma unidade de cumprimento de medidas socioeducativas. Ela relatou que demorou 15 anos para compreender que estava sendo violada por agentes do Estado, pensando inicialmente que se tratava de troca de favores.

O evento, realizado no auditório da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, apresentou um levantamento sobre a situação das adolescentes em internação socioeducativa. Realizado pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos (Dhesca), o relatório revelou graves violações de direitos em unidades socioeducativas femininas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

Segundo a relatora nacional de direitos humanos da Dhesca, Isadora Salomão, o sistema socioeducativo brasileiro se assemelha a miniprisões disfarçadas de sistema socioeducativo. As violações de direitos identificadas envolvem questões estruturais, de saúde e relacionadas à identidade e cultura, como racismo e lesbofobia.

O relatório destacou a falta de atividades educacionais e recreativas, espaço restrito e aglomeração de internas, banheiros precários, proibição de recebimento de itens de higiene, entre outras questões. Além disso, a disposição geográfica das unidades dificulta as visitas das adolescentes, que muitas vezes residem em cidades distantes.

Margarida Prado, presidente da Comissão de Direitos Socioeducativos da OAB-RJ, criticou o tratamento rígido imposto às menores nas unidades de internação, defendendo a necessidade de investimento na pedagogia da autonomia para promover a ressocialização adequada.

Outros representantes de órgãos como a Defensoria Pública e o Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente também expressaram críticas ao sistema socioeducativo, ressaltando a importância de combater as violações de direitos e garantir a proteção das adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.

O relatório elaborado pela Dhesca é visto como um importante instrumento para conscientizar a sociedade sobre a realidade das adolescentes em internação socioeducativa no Brasil. A expectativa é que o documento contribua para a defesa dos direitos humanos e para a implementação de medidas que visem garantir a ressocialização adequada e a proteção dessas jovens.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo