A pesquisa identificou 96 casos de violência de gênero, destacando que o constrangimento psicológico e verbal é a forma mais comum, respondendo por 65,5% dos episódios relatados. Assédio sexual foi apontado por 28% dos jornalistas, enquanto 21% mencionaram assédio digital. Outros registros incluem maus-tratos (19%), agressão física (12,5%) e violência econômica (5%).
Os ambientes mais frequentes para a ocorrência desses episódios são as redações e estúdios dos veículos de comunicação, onde quase metade dos casos (48%) se deu. As redes sociais e o correio eletrônico foram mencionados em 27% dos relatos, com 15,5% das situações ocorrendo tanto no ambiente físico quanto no virtual. Em coberturas externas ou viagens de trabalho, 9,5% dos casos foram relatados.
O levantamento também traçou perfis dos agressores. Nos ambientes físicos, os principais agressores são superiores hierárquicos (49%), colegas de mesmo nível (27%) e homens externos à redação, mas com influência sobre o veículo (9%). Online, os principais agressores são dirigentes governamentais e políticos (31,5%), profissionais do meio jornalístico (22%) e membros de organizações antigênero (15%). Um dado alarmante é que a maioria desses agressores (54,5%) não enfrenta punições por suas ações.
Participaram da pesquisa jornalistas de 95 veículos, incluindo digitais, audiovisuais, impressos e sonoros. Entre os respondentes, 86,1% eram mulheres, 11,1% homens e 2,8% pessoas trans. Apenas 18,5% dos entrevistados informaram que seus veículos possuem áreas especializadas para lidar com casos de violência, destacando uma desigualdade na presença de tais setores, que são mais comuns em grandes meios de comunicação.
Em resposta às crescentes demandas por uma ação mais efetiva, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), à qual a Agência Brasil é ligada, mantém o Comitê de Pró-Equidade de Gênero e Raça e participa da Rede de Equidade, implementando políticas inclusivas e de diversidade. A EBC também executa o programa pró-equidade de gênero e raça do governo federal.
Para aprofundar a compreensão sobre a violência nas redações, o estudo aplicou questionários aos jornalistas e analisou 27 protocolos de violência de gênero de vários meios da região. Como resultado, a Asociación Civil Comunicación para la Igualdad propôs um modelo de protocolo disponível no site da organização, que pode servir como uma referência concreta para prevenir e combater a discriminação, o assédio e a violência no jornalismo.