DIREITOS HUMANOS – Violência contra quilombolas: 46 assassinatos em 13 estados do Brasil em cinco anos, com disputa por terra como principal motivo.



No período entre janeiro de 2019 e julho de 2024, o Brasil registrou um total alarmante de 46 quilombolas assassinados em 13 estados do país, conforme aponta um relatório da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). De acordo com a pesquisa, em 34,7% dos casos, a disputa pela terra foi o contexto que culminou nas mortes dessas vítimas, evidenciando a complexidade e a violência que envolvem esse cenário.

A análise do levantamento revela que a maioria esmagadora de 63% das vítimas foi morta com o uso de arma de fogo, sendo muitas vezes executadas com tiros na nuca ou na cabeça. A brutalidade empregada em algumas situações choca, como nos casos em que as mortes foram provocadas por força física puramente, com golpes no corpo das vítimas, ou até mesmo através do uso de maquinário pesado.

A autoria dos crimes também chama a atenção, com suspeitos que variam desde ex-companheiros, familiares ou conhecidos das vítimas, vizinhos/posseiros/proprietários das terras em disputa, membros de organizações criminosas, assaltantes, até policiais militares/agentes penitenciários. A Conaq destaca que diversas mortes foram encomendadas, impactando diretamente a vida das comunidades quilombolas em todo o país.

Os estados mais afetados pela violência contra quilombolas foram o Maranhão, com 14 casos, seguido pela Bahia, com 10, e o Pará, com 4. A situação em regiões como a Baixada Maranhense e os quilombos da Bahia foi destacada como verdadeiras “situações de violência sistemática com assassinatos em série” pela Conaq.

De acordo com o relatório, uma porcentagem significativa das vítimas (42%) eram lideranças ou pessoas vinculadas a elas, com uma idade média de 45 anos. A luta pela terra e a violência doméstica/familiar foram apontadas como os principais impulsionadores dos assassinatos de quilombolas, evidenciando a vulnerabilidade dessas comunidades.

Além das ameaças de morte e intimidações, os quilombolas enfrentam também o incêndio criminoso como estratégia para expulsá-los de suas terras. O relatório revela o registro de oito casos desse tipo em diversos estados do Brasil, demonstrando a complexidade e a gravidade das ameaças enfrentadas por essas comunidades.

Diante desse cenário de violência e conflito pela terra, as comunidades quilombolas resistem e persistem na luta por seus direitos, mesmo diante de tantas adversidades. A união e a determinação dessas populações revelam a importância de se combater a violência e garantir a proteção dessas comunidades historicamente marginalizadas e vulneráveis.

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