De acordo com o relatório do observatório, a maioria das vítimas resgatadas ao longo da última década tinha entre 18 e 24 anos, totalizando 763 mulheres nessa faixa etária, o que representa mais de 20% do total de resgates. O segundo maior grupo era de mulheres com idades entre 25 e 29 anos, somando 497 vítimas.
Destaca-se que, em 2023, das 222 vítimas resgatadas, 33,3% delas possuíam perfis mistos, com metade na faixa etária de 25 a 29 anos e a outra metade entre 40 e 44 anos. Já no acumulado de todos os anos analisados, o quantitativo de vítimas do gênero masculino foi consideravelmente superior, atingindo um total de 44.428 casos.
As estatísticas revelam ainda uma conexão entre a baixa escolaridade e a propensão para ser aliciado e explorado por meio do trabalho escravo contemporâneo. Cerca de 32,8% das vítimas resgatadas não concluíram os estudos além da 5ª série do ensino fundamental, enquanto 25,5% eram analfabetas.
O trabalho escravo contemporâneo, segundo a legislação brasileira, engloba atividades forçadas realizadas em condições degradantes ou em jornadas exaustivas, em que o trabalhador é impedido de deixar o local de trabalho. Além disso, situações de servidão por dívida também são consideradas formas de escravidão contemporânea.
Para denunciar casos de trabalho escravo, a Comissão Pastoral da Terra disponibiliza a campanha “De Olho Aberto para não Virar Escravo”, que orienta sobre os principais setores econômicos onde esse crime é praticado. A denúncia pode ser feita de forma anônima através do Sistema Ipê do governo federal ou pelo aplicativo Laudelina, desenvolvido pela Themis e pela Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas.