DIREITOS HUMANOS – Repressão e violência na Cracolândia de São Paulo dispersam usuários de drogas para outros pontos da cidade, aponta estudo.



A repressão e violência sistemática em cenas abertas de uso de drogas no centro da capital paulista têm levado à dispersão das pessoas, segundo a avaliação da antropóloga Amanda Amparo, pesquisadora em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (USP). A situação na Rua dos Protestantes, na Cracolândia, local que já foi o principal ponto de concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade social, tem sido alvo de ações por parte da prefeitura de São Paulo.

De acordo com dados divulgados pela prefeitura, houve uma redução de 73,14% na média de pessoas presentes na Rua dos Protestantes entre janeiro e dezembro de 2024. Durante este período, foram realizados 18.714 encaminhamentos para serviços e equipamentos municipais, com conquistas em relação à autonomia financeira, moradia e reconstrução de vínculos familiares.

A especialista Amanda Amparo concorda que houve uma diminuição na concentração de pessoas na região, mas ressalta que isso não significa uma redução efetiva do problema, já que muitos indivíduos acabam se dispersando pela cidade e continuam fazendo uso de substâncias em outros locais públicos.

A antropóloga aponta que as ações de repressão e as condições desumanas a que os usuários são submetidos na região contribuem para a dispersão, levando as pessoas a saírem durante o dia e retornarem à noite. Ela destaca que as agressões e o tratamento desumano dos indivíduos contribuem para essa situação.

Além disso, dados da prefeitura indicam um aumento nas operações policiais na região, resultando em mais prisões e apreensões. O Programa Operação Trabalho Redenção teve 1.802 participantes no período.

A antropóloga Roberta Costa, integrante da Craco Resiste, critica a abordagem adotada pela prefeitura, caracterizando-a como uma “tortura cotidiana” aos mais vulneráveis. Ela denuncia também a prática de limpezas diárias no local, que resultam em violência e humilhação contra os usuários.

Diante desse cenário, fica evidente a necessidade de políticas públicas mais eficazes e humanizadas para lidar com a questão da dependência química e das pessoas em situação de vulnerabilidade social. É fundamental garantir o respeito aos direitos humanos e promover a inclusão e o cuidado para aqueles que mais precisam. A sociedade como um todo deve se mobilizar para buscar soluções mais adequadas e humanitárias para essa problemática complexa.

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