Os ataques à imprensa na Amazônia ocorreram em diferentes contextos. De acordo com a RSF, 16 desses casos aconteceram enquanto os profissionais da mídia produziam reportagens sobre agronegócio, mineração, povos indígenas e direitos humanos. Além disso, durante o período das eleições presidenciais de 2022, um terço dos ataques à imprensa ocorreram na região.
Os tipos de ataques registrados pela RSF incluem agressões físicas, assédio e ameaças. Para compilar esses dados, a entidade contou com a colaboração de um observatório formado por profissionais da imprensa e organizações da sociedade civil.
O relatório também destaca a desigualdade presente na esfera tecnológica, que os jornalistas podem enfrentar na região. A RSF propõe a reflexão sobre esse assunto por parte do poder público e das redações de jornalismo, buscando ampliar as possibilidades de apoio e facilitar a cobertura dos fatos.
Em entrevista à Agência Brasil, a jornalista Kátia Brasil, cofundadora da agência Amazônia Real, comentou sobre os desafios enfrentados na cobertura jornalística na região. Segundo ela, a estratégia adotada para lidar com esses desafios foi desenvolver uma “casca de tartaruga”. Essa tática serviu tanto para se proteger dos ambientes ameaçadores quanto para enfrentar os assédios e o racismo presentes nas redações.
A jornalista ressaltou a importância do apoio institucional das redações para garantir a segurança dos profissionais que realizam reportagens de campo. Ela também destacou a necessidade de preservar a independência editorial dos veículos, mesmo diante das pressões financeiras. Para ela, as fontes de financiamento são fundamentais para a autonomia da imprensa, mas é preciso cuidar para que essas fontes não exerçam influência sobre a linha editorial.
Kátia Brasil também falou sobre as medidas de segurança adotadas pela equipe da Amazônia Real. Essas medidas incluem um plano de segurança consolidado entre os colegas do veículo, que envolve manter contato constante e compartilhar a localização durante as viagens de campo. Além disso, a agência evita utilizar o transporte fornecido por lideranças comunitárias, para não expô-las a ataques.
O relatório da RSF sobre os ataques à imprensa na Amazônia ganha relevância no contexto atual, em que a região está no centro de debates importantes, como a preservação ambiental e os direitos dos povos indígenas. É fundamental que a imprensa tenha condições de exercer seu papel de informar e investigar de forma segura, garantindo a ampla divulgação de fatos e opiniões diversas. O incentivo ao jornalismo independente e a proteção dos profissionais que atuam na Amazônia são essenciais para a manutenção da liberdade de imprensa e do debate democrático.