Esse trio de universitárias representa um nicho reduzido de pessoas trans e travestis que, apesar dos obstáculos de discriminação e dificuldades de acesso, permanência e conclusão do ensino básico, conseguiram conquistar uma vaga no ensino superior. Em uma entrevista concedida à Agência Brasil, Zuri compartilha que a universidade foi o local onde experimentou a solidão de ser uma travesti negra, refletindo sobre a transgressão necessária diante dos desafios encontrados.
Em 2022, a estudante Zuri idealizou e fundou a Rede Transvesti UFFiana, um coletivo que desempenhou um papel fundamental na luta pela criação e aprovação de cotas para pessoas trans e travestis na UFF. Essa política de reserva de vagas representa uma medida essencial para a reparação histórica e social, como ressalta Ariela, que destaca a importância das ações afirmativas na garantia do acesso à educação.
A criação das cotas para pessoas trans e travestis na UFF, em setembro de 2024, foi um marco na inclusão desses grupos no ensino superior. Contudo, ainda há uma carência de informações que mensurem a realidade dessas pessoas no ambiente acadêmico. Segundo uma pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), apenas 0,3% dos estudantes em instituições federais do Brasil são pessoas trans.
Além disso, instituições como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) afirmam não dispor de informações sobre pessoas trans nos cursos de graduação e pós-graduação. Essa falta de dados evidencia a necessidade de políticas mais abrangentes e inclusivas para garantir direitos plenos a essa comunidade.
Diante desse cenário, as universitárias trans e travestis, como Vênus Anjos, defendem a importância da implementação de políticas públicas específicas, como bolsas de permanência e pesquisa, para promover a dignidade e os direitos humanos dessa população no ensino superior. Em meio a esse contexto, resta a esperança de um futuro mais inclusivo e igualitário, onde a diversidade seja não só aceita, mas valorizada e incentivada.