Segundo Marcos da Costa, secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência do estado de São Paulo, a linguagem capacitista diminui a condição de cidadania da pessoa com deficiência. A forma como nos dirigimos a uma pessoa com deficiência influencia na construção ou não de uma imagem de cidadania. Expressões como “deu uma de João sem braço”, “como cego em tiroteio” ou “deixa de ser retardado” são exemplos de linguagem capacitista que reforçam estereótipos e preconceitos.
Ana Clara Schneider, fundadora e diretora executiva da agência Sondery, explicou que a linguagem capacitista reforça estereótipos e preconceitos relacionados à deficiência. Ela ocorre de duas formas principais: como superação ou vitimismo. Além disso, expressões que infantilizam ou tratam a pessoa com deficiência como “coitada” também são prejudiciais.
Silvana Pereira Gimenes, coordenadora do programa de Emprego Inclusivo da Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, destacou que esse uso de linguagem decorre de um imaginário popular que precisa ser combatido. A mudança desse imaginário leva tempo, mas é necessário para eliminar preconceitos e construir uma sociedade mais inclusiva.
Para combater o capacitismo na linguagem, é crucial ouvir as pessoas com deficiência e estar aberto ao aprendizado. Fábio de Sá, ator e digital influencer, ressaltou a importância de um contato próximo com pessoas com deficiência para evitar problemas de comunicação. Além disso, é necessário que as pessoas se policiem para eliminar expressões capacitistas de seu vocabulário e buscar sempre a melhora.
O secretário Marcos da Costa ressaltou que é fundamental uma educação voltada para a inclusão e o uso de expressões que mostrem respeito e importância para todos. Ana Clara enfatizou que a eliminação do capacitismo na linguagem deve se tornar um hábito e que a acessibilidade deve ser intencional e consistente.
É preciso também entender que a deficiência é apenas uma característica e não uma incapacidade. Cada pessoa executa tarefas de forma diferente, e isso não significa que são menos capazes. Portanto, é fundamental valorizar as pessoas por meio de uma linguagem inclusiva que reconheça a diversidade e promova a inclusão de todos.
A discussão sobre linguagem capacitista é crucial para a construção de uma sociedade mais igualitária e inclusiva. É preciso estar atento ao uso de expressões que reforcem estereótipos e preconceitos, buscando sempre a melhora e o respeito na comunicação. A inclusão começa pela forma como nos comunicamos e trataremos as pessoas com deficiência como cidadãos de direitos e deveres.